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A religião pode te alienar? Prof. Evandro Ricardo Guindani

A alienação significa “estar em posse do outro”, “pensar a partir do que os outros te dizem”. Em síntese, uma pessoa alienada é aquela que está mais condicionada a acreditar no que os outros dizem do que refletir e pensar criticamente sobre o fato em si. Ao acreditar mais no que os outros dizem do que na sua própria capacidade de pensar e refletir, você também pode ser manipulado e não ter consciência da própria realidade em que vive.
Em anos anteriores o pensador Karl Marx dizia que a religião (naquela época) seria o ópio do povo. Ópio é uma substância alucinógena, ou seja, amortece e alivia o sofrimento. A bebida alcoólica também faz isso, te afasta da realidade, te faz esquecer dos problemas. Consequentemente ela te retira da realidade, ou seja, faz com que você pense a partir de outro lugar e não é aquele em que você está.
A religião muitas vezes exerce esse papel na sociedade, além de confortar, de dar sentido a vida, ela também tem um efeito colateral, ou seja, atribui a Deus ou ao sagrado, ao divino, questões que são relacionadas à realidade terrena. Eis abaixo algumas expressões ditas por fiéis de algumas igrejas:
- Se eu me der mal foi porque não me esforcei e “Deus” assim não me abençoou e eu passo então a aumentar minha oferta na igreja e ter “esperança”...
- Se eu me der bem (conseguir me manter num emprego mesmo com um salário de fome) eu acredito que “Deus” me abençoou e eu serei “grato”...
A gratidão e a esperança podem ser virtudes maravilhosas para vivermos bem nosso dia-a-dia, mas elas também têm uma importante função política de manutenção do sistema capitalista e da desigualdade social…
Muitas mensagens religiosas compartilhadas em aplicativos de conversa e redes sociais cumprem um papel social, elas acabam acalmando, dando forças para as pessoas não se revoltarem contra o sistema que os oprime.
Salário baixo, dívidas, falta de saúde, falta de emprego, escola, tudo isso faz parte da realidade política e terrena, porém, dentro das igrejas e outros espaços religiosos são tratadas como problemas individuais que possuem uma relação com o mundo espiritual. Sendo assim, a pessoa desempregada faz uma promessa ou algum trabalho religioso para conseguir emprego. A pessoa é demitida e vai ao espaço religioso para tentar se confortar e compreender que foi vontade de “Deus”.
O texto acima contém um trecho do livro: “O novo sucesso: uma crítica à meritocracia”, publicado pela Editora Appris. Se quiser aprofundar mais esse assunto, você pode comprar o livro no site da Editora: https://editoraappris.com.br/produto/o-novo-sucesso-uma-critica-a-meritocracia/
Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
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