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EDITORIAL

Luto na comunicação

Com três dias de luto oficial, declarado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil rende sua homenagem ao jornalista e empresário da comunicação, Roberto Marinho, falecido na noite de 6 de agosto de 2003, no Rio de Janeiro. Nós, empresários da comunicação, perdemos uma personalidade-símbolo, referencial maior para todos aqueles que atuam na mídia impressa ou eletrônica.

Nascido no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de 1904, ninguém mais do que Roberto Marinho personifica a expressão jornalismo no sangue. Filho do jornalista Irineu Marinho, com apenas 21 anos assumiu o jornal O Globo, fundado pelo pai, que morreu de infarto duas semanas após o lançamento da publicação.  Quem sabe não foi aí que Roberto Marinho decidiu que viveria muito. Viveria para construir um império, viveria para levar informação aos quatro cantos do Brasil e levar o Brasil aos quatro cantos do mundo.  O jovem Roberto Marinho não apenas consolidou o jornal, que herdara do pai, como expandiu a organização com emissoras de rádio. E foi com todo vigor físico de um atleta, ainda que sexagenário, que fundou a TV Globo, em l965, e que o levaria a comandar a mais poderosa rede de comunicação do país, considerada, também, a mais importante emissora da televisão de América Latina e uma das cinco principais do mundo.

      Roberto Marinho tinha inegável visão de futuro. Saiu de sua mente privilegiada, a criação de uma rede para a transmissão do Jornal Nacional em várias cidades, implantando pioneiramente o sistema de retransmissoras. Ampliou o poder de sua TV, pela ampliação do alcance da informação. Pelas salas de sua casa, na redação de O Globo, ou pela sede da TV Globo, passaram presidentes, governadores, prefeitos, candidatos. Roberto Marinho não escondia de ninguém seu gosto pela política e seu interesse em participar da política brasileira. E, com absoluta convicção, tomava partido. Era seu modo de expressar a influência de seus veículos de comunicação, ainda que tivesse que convier com um certo desconforto pelo apoio a candidatos que, ele mesmo, reconheceu não corresponder às suas expectativas.

      De temperamento liberal e natureza democrática, Roberto Marinho jamais concordou com a censura e, menos ainda, com as perseguições políticas, independentemente de cores partidárias. Se já era imortal, pelo assento na Academia Brasileira de Letras desde 1993, Roberto Marinho imortaliza, agora, sua história, sua obra, seu estilo - austero e ao mesmo tempo generoso - seu espírito empreendedor e, especialmente, sua sede de viver e de se perpetuar. Roberto Marinho deixou mais do que um conglomerado que fatura 5,7 bilhões de dólares por ano. Deixou uma biografia que poucos na História contemporânea mundial ousaram escrever. 

      Roberto Marinho foi e continuará sendo o símbolo maior em defesa dos meios de comunicação, seja ele escrito, televisivo ou falada, pois atuou nestes campos e sabe que é necessário fazer o livre pensamento em expressar os acontecimentos. A mídia precisa ter o verdadeiro respaldo que merece, pois é ela que realmente serve o povo como um todo, seja nos momentos tristes ou alegres, sempre está presente e demonstrando a real situação perante as questões sociais, políticas, econômicas e muito mais.

       Navegar é preciso, evoluir é uma necessidade neste país ?democrático?.     

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