Casemiro Roberto:Um microfone emudece no Rádio catarinense

-
- Casemiro deixa uma multidão de amigos e admiradores. Nas ondas do Rádio há um microfone silencioso, mas, em nossas mentes e corações uma voz ainda vibra e nos encanta.
Jornalista, diretor da MB Comunicação e diretor regional da Associação Catarinense de Imprensa (ACI)
Não ouviremos mais aquela voz altissonante nas ondas da Rádio Chapecó, inaugurando as manhãs dos catarinenses do oeste com narrativas do cotidiano e uma visão particular do universo econômico, político, policial e esportivo. O radialista Casemiro Roberto Serafim Vieira - depois de 56 anos de profissão e mais de 30 anos em Chapecó - deixou esta dimensão.
Trabalhou até o último dia no que mais amava: fazer rádio. Descobriu-se vocacionado para a profissão de radialista aos oito anos de idade. Antes dos 10 anos trabalhava na Rádio Colon de Joinville - e nunca mais parou: atuou em dezenas de emissoras de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Em Chapecó, aportou em 1977 estimulado pelo colega Telles da Silva e iniciou um longo e produtivo relacionamento com aquela que se tornou sua definitiva e derradeira comunidade.
Casemiro tinha uma voz poderosa e um coração de menino. Para esse comunicador, trabalhar no Rádio e estar com os amigos era a fórmula da mais genuína felicidade. Era gentil no trato e quase pueril nos relacionamentos.
Sua voz foi descoberta por publicitários, produtores e organizadores de eventos. Gravou centenas de documentários audiovisuais, milhares de spots e foi mestre de cerimônias de importantes eventos. Magnetizava multidões com sua voz inconfundível.
Em 2007 ganhou o prêmio Microfone de Ouro da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão de Santa Catarina (ACAERT), e o título de melhor comentarista de notícias pela Assembleia Legislativa. Também foi homenageado pela Câmara Municipal de Vereadores de Chapecó. Em 2011, ao completar 50 anos de profissão, recebeu homenagem especial da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) na programação dos festejos dos 180 ano da imprensa barriga-verde.
Reconhecimento e honrarias não alteraram seu jeito singelo e autêntico. Acometido por patologias agressivas associadas - câncer de próstata, câncer ósseo, leucemia e falência renal crônica - resistiu estóica e bravamente. Não se queixava. Trabalhou até o último dia de sua vida.
Impressiona o fato de sua debilidade física não afetar a qualidade de sua magnífica voz que, até os momentos derradeiros, manteve-se grandiloquente, nobre e tonitroante - como se vida autônoma tivesse e se recusasse a combalir em face da decrepitude de sua saúde física.
Casemiro Roberto parte num ano delicado e sensível para todos os chapecoenses. O ano do Centenário do Município, em cuja programação o radialista foi alvo de inúmeras homenagens, mas, também, o ano em que a tragédia da Associação Chapecoense de Futebol na Colômbia foi remoída, deglutida, e dolorosamente assimilada pela comunidades e pelas famílias das 71 vítimas.
Nas emissoras celestiais, certamente Casemiro vai narrar histórias e notícias na companhia de irmãos em comunicação que lá se encontram, como Gelson Galiotto, Edson "Picolé" Ebeliny, Renan Agnolin, Fernando Schardong, Douglas Dorneles, Jacir Biavatti, Laion Espíndola, Giovane Klein, Cleberson Silva, Gilberto Pace Thomaz e outros colegas da mídia brasileira.
MARCOS A. BEDIN
Registro de jornalista profissional MTE SC-00085-JP
Matrícula SJPSC 0172
MB Comunicação Empresarial/Organizacional
Deixe seu comentário