É BOM SABER...

Jóias devolvidas - Testemunho de mãe espírita na desencarnação da filha exemplifica fé
Enviado em 19/02/2016 | Escrito por Ana Elisabete da Costa de Castro
Existe uma palavra-chave para enfrentarmos com serenidade e equilíbrio a morte de um ente querido: submissão.
Ela exprime a disposição de aceitar o inevitável, considerando que, acima dos desejos humanos, prevalece a vontade soberana de Deus, que nos oferece a experiência da morte em favor do aprimoramento de nossa vida.
A conhecida mensagem "Jóias Devolvidas" que Richard Simmonetti colocou em seu livro "Quem tem medo da morte?" (editora CEAC) foi distribuída no dia do velório e sepultamento de minha filha Ana Cláudia, vítima de um acidente de carro, quando voltava do serviço. Foi um bálsamo aos corações que lá compareceram, dando-lhes a conformação tão necessária e importante para o Espírito que se desligava de uma curta passagem nesta encarnação.
Por volta das 3:15 horas do dia 18 de janeiro, fomos despertados pela campainha de casa e pela sirene de uma viatura policial.
Aí começava minha experiência e que por sugestão amiga, passo a narrar.
Num primeiro momento veio-me ao pensamento a idéia de que fosse algum acontecimento com meu filho. Rapaz, de 22 anos, que se expõe muito mais na madrugada, por razões de serviço, por ficar um pouco mais com a namorada, enfim coisas da juventude. Porém logo em seguida, de forma bem consciente eu mesma respondi - não, é com a Ana Cláudia.
Nesse momento, meu marido já vinha subindo a escada, pálido, e me dizendo ter uma notícia desagradável. Um acidente e? de pronto lhe disse: com a Ana Cláudia.
- Sim, é ela?
Uma forte emoção tomou conta de nós dois, mas eu sentia que precisava ir até o local do acidente. Insisti com o policial, que achava melhor não, pois dizia ele o quadro era assustador.
Castro, meu marido, já me conhecendo, não interpôs nenhum impedimento e, após comunicar o ocorrido ao meu genro e também vizinho, saímos na própria viatura rumo ao local do desastre.
Durante todo o trajeto eu sentia que precisava ir, eu precisava tirar minha filha dali, mesmo sabendo que ela já havia falecido.
Realmente o quadro era terrível para uma mãe. Minha filha, já morta, presa às ferragens, aguardando que especialistas chegassem para poderem tirar o corpo.
Aproximei-me, calma, procurando sempre em oração a força para suportar aquele momento.
Segurei-lhe a mão e acariciando seu rosto, escutava-a dizendo: - Mãe me ajuda, mãe me ajuda! Seu corpo inerte, mas eu sentia sua mão na minha. Comecei então a oração de Cáritas e, em alguns segundos, interrompi, conversando com ela, passando-lhe o que havia acontecido, que procurasse se manter calma e que o socorro já estava presente. Sempre em um misto de oração e conversa, acariciando-a e sentindo-a, comecei a perceber a presença da espiritualidade em socorro a ela.
Fui percebendo-a mais calma na sua súplica, até que praticamente não a escutava mais. Acredito que neste momento os amigos espirituais encontraram a aceitação dela para o socorro, não sei se é bem essa a palavra - aceitação.
De forma bem forte também senti no local a presença de meu pai, já desencarnado e que tinha pela neta adoração, no que era correspondido.
Voltamos para casa, pois que lá já não podíamos mais fazer nada.
Em seguida as comunicações aos parentes mais próximos, o encaminhamento da situação junto à polícia, o corpo para o IML (Instituto Médico-legal), e lá mais uma vez senti a necessidade de, por um instante, estar a seu lado e novamente em voz alta, em prece, conversar com ela. Graças à compreensão do meu companheiro e também pela certa tranqüilidade que me envolvia, me foi permitido pela autoridade médica que lá se encontrava e que, num primeiro momento, relutou em aceitar minha vontade.
Mais uma vez em casa, senti a ajuda da espiritualidade, intuindo-me a buscar uma mensagem que pudesse ser distribuída durante o velório. Lembrei-me de uma mensagem que consta do livro "Quem tem medo da morte?", de Richard Simonetti, e que, segundo consta no próprio livro, era aceita com boa receptividade, quando entregue em velórios em Bauru-SP, - "Jóias Devolvidas".
Seguiram-se as providências e as horas também passavam. Chegando o corpo ao cemitério por volta do meio dia.
Procurava forças sempre na oração, eram os amigos e parentes chegando, alguns calmos, outros em prantos, reações de todos os tipos, até alguns curiosos.
Nesses momentos pensava: Preciso tranqüilizar minha filha, que pode não estar preparada para receber essas emoções.
Permaneci junto ao seu caixão e por algumas vezes que me afastava por insistência de amigos, uma voz íntima pedia-me para voltar, que eles precisavam de mim ao seu lado. Era como se eu me afastando, ela relutasse de alguma forma. E ela era assim, em momentos difíceis ela se colocava ao meu lado e não desgrudava. Por ocasião do nascimento de sua filhinha ela chamava tanto: - Quero minha mãe!, que o médico não teve outra alternativa senão abrir uma exceção e me chamar para ficar ao seu lado. E só então ela se acalmou um pouco e a criança nasceu. Mas voltando, por volta das quatro horas, eu ao seu lado, ora em prece, ora em conversa mental, comecei a ver uma luz de cor azul em seu peito. Esse azul foi se misturando a um prateado e se estendendo sobre a região do coração. Uma projeção e luz muito bonita e que me faltam palavras para descrever.
Nesse momento, acredito, a espiritualidade conseguiu tirá-la dali e novamente veio-me a necessidade e vontade de em voz alta fazer-lhe uma prece e terminando a prece, sentindo que o espírito se retirava, despedi-me de minha filha, que regressava ao plano espiritual, dando-lhe a certeza de meu amor, do meu carinho e tentando fazer-lhe entender que aquela separação era apenas momentânea, que estaríamos sempre unidas pelo pensamento e pelos laços de amor cultivados ao longo dos vinte anos de convivência,
Passado esse momento, já podia me afastar do ambiente, sem sentir o chamado. Durante todo o tempo do velório uma música suave permaneceu na esperança de acalmar os que se achegavam e manter o ambiente numa vibração de conforto e bem-estar.
Por volta das 17 horas, senti que já poderíamos fechar a urna e antecipar o sepultamento, que nada mais havia para ser feito ali.
Agradeço de coração a presença de todos. O conforto foi muito grande e acredito que minha filha, espírito de luz, foi instrumento de muitas lições para todos nós, e que pouco a pouco cada um saberá interpretá-la.
Agradeço ao meu marido, meu companheiro, que embora muito abatido pela situação, respeitou minhas convicções, minha fé, dando-me total apoio e liberdade para agir.
Aos amigos que compreendendo ou não o meu proceder, acompanharam-me nas preces e na despedida que fiz com o coração de mãe.
Hoje tenho certeza do socorro prestado, de que ela está sendo assistida, que talvez não tenha ainda a compreensão do que lhe aconteceu e me sinto calma. Não guardo qualquer sentimento de revolta pelo acontecido, nem pelos outros rapazes que estavam no carro. Pelo contrário, peço também socorro a eles, tão necessitados quanto minha jóia que foi devolvida.
E esta paz que sinto está no conhecimento que encontrei quando tive a oportunidade de abraçar a Doutrina Espírita. A consolação que sinto está na certeza de que Deus é realmente um Pai como nos ensinou Jesus. Pai de bondade, que deseja que nos acheguemos a ele por nossos próprios méritos. Doutrina que nos esclarece que estamos aqui em várias passagens para aprendermos a nos amar uns aos outros através da convivência, por vezes tumultuada, mas de grande riqueza para aqueles que souberem aproveitar a oportunidade. Que a morte não existe para o espírito, que é imortal, é apenas mais uma das transformações a que estamos sujeitos e que as separações são apenas momentâneas e físicas, pois através do pensamento estamos sempre sintonizados uns aos outros.
Doutrina abençoada, que me deu a luz, o esclarecimento, a conformação diante de um momento ainda tão difícil para nós, todos nós.
Boa Semana - Hpaim
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