ENXAQUECA: A DOR DE CABEÇA (CEFALÉIA) DA ATUALIDADE?
DOR DE CABEÇA
Sempre que discutimos sobre Enxaqueca geralmente buscamos associar como uma doença da atualidade engatilhada pelo estresse da vida moderna. Será? Os primeiros relatos de Enxaqueca datam de 7.000 anos antes de Cristo quando se faziam as Trepanações (buracos no crânio de pessoas com dor de cabeça) para espantar os demônios e maus espíritos do doente. Obviamente nesta época não existiam telefones celulares, redes de fast-foods e Internet. Hipócrates, considerado até hoje o Pai da Medicina e que viveu entre 460-377 a.C.,descreveu a Enxaqueca: “Se um paciente se queixa de dor de cabeça e tem pontos escuros na visão, vômitos biliosos aparecerão” e prescrevia ervas que induziam ao vômito para cessar a cefaléia. Felizmente, a medicina ao longo dos milênios evoluiu.
O que é Enxaqueca? É uma doença crônica, caracterizada por crises de dor de cabeça auto-limitadas e incapacitantes devido a uma disfunção transitória do cérebro. A dor geralmente é pulsátil, latejante e se apresenta em um dos lados da cabeça. É acompanhada de náuseas e, às vezes, vômitos. O paciente tem maior sensibilidade a luz e sons. As crises duram de 4 a 72 horas. É uma das Cefaléias mais comuns na população, provavelmente, ficando atrás somente das Cefaléias Tensionais. Aproximadamente 15% dos pacientes com Enxaqueca apresentam Aura. As auras são um conjunto de sinais e sintomas que precedem e podem até acompanhar a Enxaqueca. Classificam-se em visuais (visualização de pontos de luz, pontos escuros ou linhas em ziguezague), motoras (perda de força) e sensitivas (formigamento e perda de sensibilidade).
A Enxaqueca é uma doença muito comum na população em geral. Pode se iniciar na adolescência e vai até a velhice, porém é mais prevalente na idade adulta entre 30 a 50 anos de idade. Atinge aproximadamente 20% das mulheres e 10% dos homens em geral. É mais comum na raça branca seguida pela raça negra e sendo menos comum em orientais.
Os mecanismos causadores de Enxaqueca são multifatoriais. Fatores genéticos, ambientais (estresse, poluição, barulho e odores), alimentares (chá, café, coca-cola, salames, bebidas alcoólicas), hormonais (ovulação, menstruação e pílula anticoncepcional) e irregularidades do padrão do sono são implicados como agentes causadores de Enxaqueca.
Realizado o diagnóstico de Enxaqueca inicia-se o tratamento. O tratamento consiste em mudanças de estilo de vida, uso de medicamentos e tratamento não medicamentoso. As mudanças no estilo de vida levam em consideração alimentar-se de forma saudável, prática de exercícios físicos e evitar os fatores que desencadeiam as crises como estresse, barulho, poluição e intensa luminosidade dentre outros. O uso de medicamentos para tratar a Enxaqueca tem duas finalidades: 1- Tratar as crises: Com o uso de antiinflamatórios e antidepressivos tricíclicos. 2- Evitar as crises: Com o uso de medicamentos antidepressivos, antihipertensivos e anticonvulsivantes. Por fim, trata-se a Enxaqueca de forma não-medicamentosa através de terapia cognitiva-comportamental, fisioterapia, psicoterapia e acupuntura.
A Enxaqueca não é uma doença da modernidade. É uma doença há muito tempo relatada. Porém, o número de casos aumentou (e vem aumentando) gradativamente, devido ao maior acesso do paciente ao médico. É preciso uma minuciosa avaliação multiprofissional. A Enxaqueca tem um aspecto social muito importante. Por ser uma doença incapacitante repercute no trabalho (em média até 4 dias de falta ao trabalho por ano), no desempenho escolar e nas relações familiares e interpessoais. É preciso um correto diagnóstico para que prontamente seja realizado um tratamento efetivo.
AUTORES:
1-DR CLÁUDIO K. KRODA - Médico-Clínica Geral/Anestesiologia - Cremesc 13584.
2-FABIANI A. BARRETO KRODA - Psicóloga- Especialista em Terapia Comportamental / Crp 12/06702
Consultório situado na Rua Vereador Aparício Ribeiro,107, Capinzal-SC. FONE:(49)3555-5818
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