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“DEUS” NA POLÍTICA Prof. Evandro R Guindani

Prof. Evandro R Guindani Graduado em Filosofia; Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Educação

Muitos afirmam que “Deus” é um só, e eu sempre questiono. Para padres e pastores cristãos, Deus é um só porque eles se fundamentam na Bíblia. Os budistas, umbandistas, hinduístas possuem outros fundamentos teológicos fora da Bíblia utilizada pelos judeus e cristãos, e por isso entendem a divindade de outra forma. Possuem outros deuses ou entendem um ser superior de outra forma. Portanto, dizer que temos um único Deus não é algo tão simples assim.

Enfim, quero abordar neste artigo a forma como muitos políticos e autoridades religiosas fazem uso do nome desse ser absoluto (“Deus”) de diferentes formas, como lhes convém e também para legitimar seus interesses. E quero falar aqui das lideranças que se dizem cristãs. Esses dias me deparei com um padre, usando uma batina preta, com uma arma na mão, ao lado do tal Olavo de Carvalho. O mesmo justifica o uso da arma para defesa da propriedade e para isso utiliza de argumentos bíblicos. Em outra ocasião vi uma notícia de um pastor que pregava a morte dos homossexuais, utilizando um versículo bíblico.

Tanto um como o outro estão apegados a imagem de um “Deus” que mata, que faz uso da violência se for preciso. Essa concepção de “Deus”, teologicamente falando, é pertencente ao Antigo Testamento bíblico. Segundo a narrativa bíblica dos cristãos, Jesus veio abolir o Antigo Testamento e nos passou uma outra concepção de “Deus”, um Ser que perdoa, que ama, que exige justiça aos pobres, que não quer ver ninguém passando fome. O “Deus” do Antigo Testamento era um Deus que legitimava as ações dos reis, defendendo e protegendo seus exércitos. Claro que isso são relatos bíblicos, mas evidenciam uma determinada compreensão de Deus.

Muitos políticos e lideranças religiosas, atualmente, se apoiam nesse “Deus” do Antigo Testamento, defendem o uso de armas, dizem que homossexuais estão no pecado, e se preciso for até defendem o uso da violência. São machistas e misóginos, defendem a superioridade do homem sobre a mulher, são contra qualquer bandeira feminista.

Comecei a perceber também que essas pessoas, quando utilizam o nome de Jesus, o associam à ideia de poder, autoridade, rei. É muito comum vermos adesivos em carro com as seguintes frases: “Jesus é meu Rei”; “O sangue de Jesus tem poder”; “Jesus combate o inimigo”. Determinada liderança política chegou a ser ungido por pastores. Essa é uma prática religiosa que buscava legitimar a autoridade dos reis; concepção de divindade vinculada ao Antigo Testamento.

O Jesus do Novo Testamento bíblico é o Jesus de pés descalços, que está ao lado da prostituta, das mulheres, dos famintos, protestando contra as autoridades e principalmente no Templo questionando as autoridades religiosas da sua época. O Jesus do Novo testamento é um ser humano que se compadece do sofrimento do outro, que luta contra a fome, em defesa do amor, respeito e justiça social.

Tudo isso para dizer que na sociedade, “Deus” ou as divindades, são utilizadas para legitimar interesses de poder, da elite econômica ou política.

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