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INOCENTES E CULPADOS

GREICE CRISTINA PAZA ? ALUNA DO MATER DOLORUM

      A culpa é encarada como resultante de uma falha na relação entre o culpado e as regras do nosso mundo. À medida que digo que errei, digo que tenho conhecimento do “certo”, mas não quis, ou mesmo não pude fazer “certo”. Posso até procurar maneiras ou explicações para diminuir minha culpa, examinar as circunstâncias que me levaram ao erro, pecado, crime ou qualquer que seja o ato pelo qual eu tenho culpa. Desse modo, dizendo-me culpada eu estou afirmando que seria capaz de acertar. Estou dizendo ainda que posso treinar para errar menos. Acredito que a culpa é um sentimento, como também uma sensação, a qual muitas vezes tira o sossego do nosso pensamento. Sentir culpa é ter consciência e conhecimento das causas do erro.

Concordo com os psicanalistas quando admitem que a culpa pesa sobre a consciência como um crime cometido, mas não completamente, pois existem diversas situações em que podemos nos sentir culpados, às vezes por algo não tão grave, mas que causou mal a alguém. E não é por ter ferido o próximo de algum modo que se trata de uma falha grave, afinal, por exemplo, tirar o emprego de um conhecido não é um crime, mas pode pesar na consciência do indivíduo, a ponto de sentir-se culpado por ter tomado determinada atitude.

Nem todo assassino é psicopata e nem todo psicopata é um assassino. As teorias dizem que o psicopata é uma pessoa perversa, muitas vezes consciente do que está fazendo, mas carente de alguns sentimentos. Seria essa carência que levaria o mesmo a cometer atos criminosos sem sentir culpa. Uma personalidade psicopata não se restringe ao assassinato em série, pois um psicopata pode ser uma pessoa simpática e de expressões sensatas, as quais não o deixam vacilar ao cometer um crime quando este lhe convém. Mas, ao mesmo tempo, possui uma frieza incompreensível de confessar o crime sem sentir culpa alguma. Já o assassino quando cai na real, parece sentir alguma culpa, ou pelo menos finge que está arrependido. A partir do momento em que há arrependimento, há culpa.

A culpa desencadeia uma série de reações pessoais como também sociais. Até uma conversa pode diminuir certas culpas, sendo assim, ela pode ser passageira ou duradoura, isto depende do que é feito pelo culpado após o reconhecimento do erro e, lógico, do que foi feito. Um homem, por exemplo, que atirou em seu amigo sem querer para proteger-se de bandidos que assaltaram a empresa na qual os dois trabalhavam, se sente culpado pelo resto da vida, embora tenha cometido o erro sem a intenção de acertar o amigo que jamais voltará a viver. Para piorar, o julgamento que a sociedade faz nestes casos é ainda mais severo, deixando o sujeito em maus lençóis.

Um julgamento pode absolver ou condenar. As leis que apontam nossos erros, também podem errar. O “remédio” para a culpa seria fortificar a auto-estima a ponto de nos permitir suportar o olhar do outro sem que sintamos na obrigação de dissimular o erro. Existem aqueles culpados que se envergonham de ocultar o mal que fizeram, mas o exibem, mesmo que isto possa levar a prisão ou mesmo a exclusão da própria sociedade. Talvez isso tenha a ver com aquele ditado que o criminoso sempre volta ao local do crime, não? Para muitos, o arrependimento não é suficiente para afastar a culpa que está sentindo. Em compensação, para outros, a morte é pouco.

Posso dizer que já me senti culpada por alguns motivos, muitas vezes não querendo assumir o meu próprio erro. Às vezes, com a cabeça cheia, acabo “metendo a boca” em todo mundo e depois me arrependo; desculpa é uma palavra que eu não uso com tanta frequência. A vergonha pelo erro acaba se sobressaindo. Porém, reconhecendo meu erro sei que já é uma maneira de tentar fazer o certo da próxima vez, evitando a repetição desse desconforto, porque é através do erro que há o reconhecimento do certo. É assim que eu me coloco capaz de não errar outra vez, havendo então possibilidades de melhorar as minhas atitudes. Afinal, como diz o ditado popular: “Errar é humano, persistir no erro, é burrice”.

 

GREICE CRISTINA PAZA – ALUNA DO MATER DOLORUM

 

 

 

 

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