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Lixo não existe
Luiz Carlos Soares Golin Marcelo Lago. Acadêmicos de Tecnologia em saneamento Ambiental, UNOESC - Videira
A frase acima pode soar absurda mas é isso mesmo. O conceito que a sociedade tem de lixo é produto de uma visão equivocada dos materiais. Embora nem tudo o que se joga fora possa ser aproveitado como comida, todo o lixo pode ser aproveitado de alguma forma.
Um dos maiores potenciais desperdiçados é o não aproveitamento do lixo orgânico, que geralmente vem de restos de alimentos. Esse lixo poderia se transformar em algo útil se passasse por um processo chamado de compostagem. Nele, o lixo é submetido à ação de bactérias em alta temperatura e se transforma em dois subprodutos. Um é um adubo natural, o outro é o gás metano, que é usado na geração de energia termoelétrica.
A quantidade de gás metano produzido pela compostagem de todo o lixo orgânico brasileiro que não pode ser recuperado como comida seria suficiente para alimentar uma usina de 2000 megawatts (a usina nuclear de Angra I tem capacidade de 657 megawatts ). Uma usina termoelétrica como essa produziria, em um ano, 3,6 bilhões de reais em energia, e nós jogamos quase todo esse dinheiro no lixo. Só 0,9% do lixo brasileiro é destinado a usinas de compostagem.
O lixo inorgânico também poderia gerar lucros. A reciclagem de vidro, plástico e metais é perfeitamente viável em termos econômicos ? e já é praticada, em quantidades cada vez maiores.
O país lucraria também ao poupar o dinheiro para dar fim ao lixo. Lixo é o único produto da economia com preço negativo. Em outras palavras, o processamento de lixo é o único negócio no qual a aquisição da matéria prima é remunerada ? paga-se para livrar-se dela, e paga-se muito. As prefeituras brasileiras costumam gastar entre 5% e 12% de seus orçamentos com lixo.
Sem falar que o melhor aproveitamento do lixo valorizaria dois bens que não tem preço: a saúde da população e a natureza. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 76% do lixo brasileiro acaba em lixões a céu aberto. Esses lixões são uma ameaça à saúde pública porque permitem a proliferação de vetores e doenças. Além disso, a decomposição do lixo nesses locais não só gera o metano que polui o ar como também o chorume, um liquido preto e fedido que envenena as águas superficiais e subterrâneas.
O Brasil produz mais de 280.000 toneladas de lixo por dia. Descontando as 39.000 toneladas que poderiam ser facilmente extraídas desse lixo e disponibilizadas as populações carentes ainda seria possível gerar 120.000 empregos só no processamento do resto. Concluímos então que o lixo não existe. O que existe é ignorância, falta de vontade e ineficiência.
Luiz Carlos Soares Golin
Marcelo Lago.
Acadêmicos de Tecnologia em saneamento Ambiental, UNOESC - Videira
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