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Bíblia na escola?

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Fiquei preocupado ao ler a seguinte manchete em um portal de notícias: “Vereadores fazem ofensiva por maior influência religiosa nas escolas” (UOL, 18/5/2025). A matéria destaca que em treze capitais existem propostas que buscam autorização para "intervalos bíblicos", como são chamados os devocionais. O levantamento feito pelo Portal UOL mostra que “há projetos de lei para autorizar os momentos de louvor e oração na hora do recreio em quatro capitais, incluindo São Paulo. Em São Luís, a proposta é criar "espaços para meditação religiosa". A capital maranhense também tem um projeto para autorizar cultos e ritos religiosos voluntários nas escolas”.

A matéria destaca uma proposta catarinense defendida pelo vereador João Padilha (PL), da Câmara de Florianópolis: "preocupação é garantir a proteção jurídica aos professores e diretores que querem usar a Bíblia nas escolas". O argumento do vereador se apoia no fato de que "70% da população se declara cristã".

Por que isso é preocupante? Você pode discordar de mim ao dizer que “deus” é o mesmo para todos. Discordo! Acho inclusive que cada um acredita em um “deus” diferente. “Deus” é o conceito mais abstrato e subjetivo que existe, pois a fé é uma atitude individual, você acredita a partir de suas convicções pessoais. A fé não consegue ser neutra, ela vem carregada de valores e ideias concebidas e cultivadas por cada individuo. Claro que as religiões com seus líderes conseguem construir uma ideia mais ou menos comum de uma divindade, porém cada pessoa, cada fiel de uma igreja vai usar e aplicar essa crença a partir de seu contexto famiiar e cultural.

A mesma crença cristã pode servir para fazer caridade como para cometer um ato de violência. Por exemplo, conheço uma denominação religiosa que tem como prática afastar os pais dos filhos que não seguirem a mesma doutrina. Isso é uma grande violência psicológica contra a liberdade. Certo dia ouvi de uma aluna que sua mãe preferia que ela morresse do que se assumisse homossexual. Existe maior violência psicológica do que essa?

E todas essas situações reais, acima citadas e presenciadas por mim, foram fundamentadas na Bíblia. Eis aí o perigo da Bíblia entrar em uma escola e reproduzir assim, diferentes tipos de violência já sofridas pelos adolescentes em muitas famílias.

Lugar da Bíblia é no quadradinho de cada igreja. Na escola, e em qualquer espaço público, o único livro que deve estar presente é a Constituição brasileira.


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