OURO
LEITE, GARANTIA DE RENDA PARA A PEQUENA PROPRIEDADE
A atividade leiteira nas pequenas propriedades familiares do município de Ouro vem melhorando ano após ano de forma muito significativa. Para confirmar esta afirmação basta lembrar que o município, nos últimos 10 anos, saltou de 25.000 litros de produção diária para mais de 55.000. Esta produção está distribuída entre mais de 500 famílias, que a partir deste volume recebem um salário mensal médio aproximado de mais de R$ 1.650,00. O leite na pequena propriedade ourense está sendo profissionalizado e deixando de ser aquela atividade apenas de subsistência, de responsabilidade só da mulher, ou seja, assumindo posição de principal fonte de renda.
Este ganho de crescimento e desenvolvimento sistemático, onde gradativamente melhorias estão sendo implementadas, são FRUTOS do trabalho da assistência técnica proporcionada pela Epagri, Projeto Microbacias, Secretaria Municipal de Agricultura e das empresas integradoras, através de vários cursos, treinamentos, excursões, reuniões e visitas técnicas.
Só no ano de 2008 mais de 130 famílias participaram de eventos de capacitação técnica promovidos pela Epagri e o Projeto Microbacias 2, realizados nos Centros de Treinamentos da Epagri e nas próprias comunidades rurais.
No município de Ouro, entre tantas famílias que tem a atividade leiteira como fonte de renda, a produtividade média é ainda irregular, pode-se afirmar que 30% dos produtores estão em boa situação; 50% estão na fase de transição de regular para bom e 20% das famílias ainda precisam tomar iniciativas que levem à melhoria da atividade. Esta situação é perfeitamente compreensível e aceitável, pois em qualquer processo de desenvolvimento, sempre haverá aqueles que demandam de mais tempo para aderirem às novas tecnologias.
CUSTO DE PRODUÇÃO
LEITE A PASTO: Há três anos a Epagri Local está desenvolvendo capacitação técnica às famílias com o foco voltado a redução de custos da produção. Para isso, vários cursos de produção de leite a pasto foram ministrados, onde o que se busca é o melhor retorno financeiro para a família por área de terra destinada a bovinocultura leiteira. A mensagem repassada aos produtores mostra que o mais importante é a produção de leite por hectare e não a busca por 40 litros de leite por vaca por dia.
Para o sucesso desta nova modalidade de ver a produção de leite, a Epagri desenvolveu várias pesquisas e estudos que apontaram as melhores espécies de pastos a serem trabalhadas, bem como, cruzas de vacas leiteiras – Jersey x holandês, que produziu um meio sangue mais resistente, de boa rusticidade e com produtividade compatível com o esperado em termos técnico/econômico. Estas ações quando colocadas em prática geram um custo de produção, atualmente, abaixo de R$ 0,30 por litro, estabelecendo um bom retorno financeiro para a família produtora.
O básico do conteúdo da assistência técnica que a Epagri orienta é que as propriedades sejam mais independentes no quesito alimentação, tornando-se auto-suficientes, onde tudo o que é consumido pelos animais, ali mesmo seja produzido. Agindo desta forma o custo de produção será mais baixo, além de lhes proporcionar estabilidade e segurança.
GENÉTICA X INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Sobre qualidade genética do rebanho leiteiro do município observam-se importantes avanços nos últimos anos, fator que muito contribuiu para o aumento da produção. Quanto ao tema Genética dos Animais, a Epagri em seus cursos de capacitação vem orientando que as futuras matrizes das propriedades sejam produzidas nas próprias propriedades, através da inseminação artificial. Isso além de gerar animais adaptados à realidade local é um ganho financeiro muito grande para o produtor.
A inseminação artificial em bovinos de leite avançou muito nos últimos três anos no município com a introdução de um grande número de novos equipamentos e a capacitação de muitos produtores para realizar o serviço de inseminação junto aos diversos grupos espalhados por todo o município. Esta foi e continua sendo uma ação forte da Secretaria Municipal de Agricultura, onde os resultados já são visíveis no plantel leiteiro de praticamente 70% das propriedades produtoras.
Além do apoio a novos equipamentos para viabilizar a inseminação em nível de propriedade, a administração municipal custeia cursos de capacitação para novos inseminadores e faz manutenção dos botijões de sêmen com nitrogênio, bem como, viabiliza transporte gratuito de produtores para os eventos técnicos que a Epagri promove.
QUALIDADE DO LEITE
Com a edição da Normativa 51, do Ministério da Agricultura, que define uma série de normas prioritárias que levam à melhoria da qualidade do leite, os técnicos da Epagri Local incluíram em seu trabalho a orientação sobre procedimentos básicos para garantir a qualidade do leite pós-ordenha, até o carregamento pela integradora. Além de ser tema do conteúdo dos cursos realizados, o técnico do Projeto Microbacias realizou várias reuniões técnicas de higienização de equipamentos e instalações, além de orientação sobre uso controlado de medicamentos químicos, que quando mal usados, deixam resíduos no leite.
A qualidade do leite produzido ainda precisa melhorar muito para atingir os parâmetros mínimos que as normas do Ministério estabelecem. Todo o corpo técnico das empresas compradoras, além do serviço público de assistência e extensão rural, estão em permanente esforço no sentido de mudar comportamentos e formas de controle sanitário dos rebanhos e de higienização dos equipamentos de ordenha, estocagem e das próprias instalações e arredores.
Num espaço de tempo não muito longo, o leite será pago pela qualidade, e aí, o produtor que não oferecer o produto nos parâmetros que determina a lei, estará fora do mercado.
PROFISSIONALIZAÇÃO
Qualquer atividade econômica, para que não venha a causar surpreses desagradáveis, precisa ser tratada com profissionalismo. Ou seja, deve produzir e realizar seus ciclos de forma que aperfeiçoe todos os fatores de produção e com isso possa render todo o seu potencial esperado. A atividade leiteira também assim o é.
Para dar suporte gerencial e com isso as famílias poderem fazer análises de retorno financeiro por atividade, a Epagri implantou em 2008 e 2009, em 20 propriedades, um sistema computadorizado que vai ser importante ferramenta de auxílio para tomada de decisão dentro da atividade leiteira, bem como, nas demais que a propriedade esteja desenvolvendo. Para isso ser possível basta que a família tenha um computador e alimente corretamente o programa instalado, com os dados das despesas e receitas realizados durante o ano agrícola.
A profissionalização dos produtores leva a família a despertar para a necessidade de ter um perfeito controle de cada atividade econômica, possibilitando corrigir distorções no decorrer do período, buscando o aperfeiçoamento dos índices de produtividade em comparação ao seu potencial de volume e resultado econômico, através da identificação prévia dos setores menos eficientes.
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