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SEVERINO LAVANDOSCKI

ANALÍSTA POLÍTICO

E-mail: sevesul@hotmail.com

A Jogada de Aécio - Aécio Neves herdou a malandragem do avô Tancredo. Anuncia, em nota, sua desistência do páreo presidencial de 2010. Antes que a leitura sugira fechamento de portas, é mais que oportuno o esclarecimento. Aécio, como a raposa Tancredo, quer dizer: "Quero ser presidente da República, mas reconheço que José Serra tem preferência. Cedo a vez para ele".O gesto do governador mineiro, bem pensado, terá implicações na frente política com vista à disputa do próximo ano. Ao deixar José Serra entre a cruz e a espada, Serra é tolhido na alternativa de recuo, Aécio contribui para acelerar o processo eleitoral, ajustar o foco do discurso dos contendores, definirem as alianças eleitorais e clarear os horizontes, que até o momento se mostram nebulosos. Com sua decisão o mineiro também demonstra preferência pela hipótese bastante utilizada no enfrentamento de circunstâncias adversas: nem sempre a menor distância entre dois pontos é uma reta, pode ser uma curva.

Em ritmo de campanha - Em seu último pronunciamento deste ano, o presidente Lula afirmou que 2010 será a era do investimento no país. Lula afirmou, na tradicional mensagem de Natal, que o país superou rápido a crise porque o governo adotou um novo modelo de desenvolvimento: que une crescimento econômico com distribuição de renda. Para o presidente, o recado natalino do ano passado deu resultados: ao incentivar a população a consumir, fez aumentar os empregos e a produção. "Temos motivos de sobra para comemorar, mas não devemos perder tempo com isso porque a cada dia temos um novo desafio pela frente", avisou o presidente, sem esquecer a comparação com o futebol: "É como no futebol: se o time ganha e faz festa demais, perde a partida seguinte. É preciso foco, atenção e disciplina. Esse ensinamento vale para tudo na vida", afirmou o presidente.
Pesquisa Datafolha em SC - A ex-prefeita de Florianópolis Ângela Amin (PP) lidera hoje a disputa eleitoral ao governo de Santa Catarina em todos os cenários testados na pesquisa. Segundo os dados do Datafolha, Ângela tem 31% das intenções de voto, seguida por Raimundo Colombo (DEM), com 18%, a senadora petista Ideli Salvatti, que alcançou 14% das intenções de voto, o peemedebista Eduardo Pinho Moreira (PMDB), com 7%, e Afrânio Boppré (PSOL), com 2%. O percentual de indecisos é grande, oscilando entre 17% e 18%. Na pesquisa espontânea, 72% disseram não saber em quem votar.

Em plena campanha eleitoral - Em estilo campanha, durante entrega de obras do PAC no Rio, a ministra Dilma Rousseff disse hoje que o presidente Lula vai eleger seu sucessor no ano que vem:”Vamos ter a continuidade do governo Lula. Tenho certeza de que não vamos voltar atrás naquilo que conquistamos”.Na seqüência, Lula também discursou e referendou as palavras da candidata do PT.”Se essas obras que estão sendo feitas pararem, será um retrocesso para o país. Acho que a Dilma quis falar isso, que as obras não podem parar, que o país não pode parar”, declarou o presidente.

Mas cuidado quando falar - O presidente Lula encanta muita gente com sua fala, especialmente nos palanques. Ele precisa, porém, moderar seus comentários quando se refere aos demais poderes. Esta de dizer que não está preocupado com o que pensa o STF sobre a situação do italiano Cesare Batistti, e que decidirá sobre sua extradição considerando o que julgar melhor para o país, é daquelas declarações que podem impressionar muitos, mas não ajuda em nada o país. É bom lembrar que, pelo menos conceitualmente, o STF não pensa nada. Ele apenas interpreta a lei. Ao não se preocupar com o que diz a mais alta Corte, Lula estaria deixando de se preocupar com o conteúdo da lei.

Isso já era esperado - Cresce no governo o pessimismo quanto à votação do projeto de partilha do pré-sal no ano que vem. Por ser um ano de eleições, a tendência é que o clima piore no Congresso. Por várias vezes afirmei aqui que o cenário mais provável é que as votações do pré-sal se arrastem até 2011. O primeiro semestre conta com apenas quatro meses úteis, e, no segundo, apenas dois. Com seis meses de trabalho de fato e uma discussão em que ninguém quer perder dinheiro, o mais certo é apostar que os projetos, especialmente o que modifica a distribuição dos royalties do petróleo, ficarão para a próxima legislatura.

Até parece tragédia grega - A decisão do STJ suspendendo o processo contra o Opportunity, até que se julgue uma ação do próprio réu contra o juiz que o processou, na prática paralisa toda a operação Satiagraha. E Daniel Dantas vai se safando dos crimes financeiros que lhe são imputados. É sempre assim: os esforços de policiais e promotores no combate à corrupção acabam derrubados por advogados no emaranhado de recursos do sistema judiciário. A impunidade no Brasil parece uma trama sem fim - como no mito grego de Penélope, aquela que passava os dias tecendo para desmanchar tudo à noite.

 

 

 

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