PM: o desaguadouro dos problemas sociais

A Polícia Militar, e os policiais acabam sendo alicerce da manutenção das injustiças sociais e desmandos governamentais. Temos visto quase que diariamente os órgãos de comunicação, de forma sensacionalista, criticarem a atuação da Polícia Militar em suas atuações, tais como o cumprimento de ordens judiciais para desapropriações de terra ou reintegração de posse, policiamento em estádios, atuação em rebeliões ou até mesmo no policiamento diário prestado pela instituição. É certo que por vezes excessos são cometidos, mas é certo também que estes são investigados e punidos como rigor. O que se questiona no entanto é de quem é a culpa destes problemas que de uma forma ou de outra acabam sempre indo de encontro com a missão constitucional da Polícia Militar, e esta por sua vez acaba sempre arcando com o ônus das ingerências e dos desmandos governamentais. Há séculos temos problemas de distribuição de terra no Brasil, problemas com penitenciárias superlotadas, falta de uma política de habitação que rompa o ciclo de interesse do setor imobiliário, entre outros. Será que estes problemas já não poderiam ter tido uma solução há muito tempo? E a Justiça, que se resume apenas a determinar que se cumpra uma ordem, não levando em conta os riscos que uma operação desta magnitude proporciona! Por que o Poder Judiciário não cobra dos governantes o cumprimento das leis que garantem salário digno, saúde de qualidade entre outras, com a mesma ênfase com que emite um mandato de reintegração de posse? O fato é que de uma forma ou de outra, a Polícia Militar enquanto instituição e, por conseguinte nós policiais militares, acabamos por força de decisões erradas, sendo o alicerce principal que mantém as injustiças sociais e os desmandos governamentais. Ou alguém tem dúvidas de que somos a polícia dos riscos? Em um sistema democrático, onde se imagina que todos são iguais perante a lei é inadmissível que se use ainda o poder do Estado para manter as injustiças e as desigualdades sociais. O Brasil esta mudando, um tanto quanto lentamente é verdade, mas vai chegar o dia que a população descobrirá que não somos nós policiais militares os responsáveis pelas leis obsoletas e tendenciosas em vigor atualmente. Os órgãos de comunicação que cobrem dos poderes competentes a aplicação da lei de forma justa e igualitária ou então que se mudem estas leis, pois nós policiais militares apenas cumprimos o que está escrito não importando se concordamos ou não. Uma coisa, no entanto, é certa: caso nos neguemos a cumprir ordens, mesmo que estas sejam injustas, com certeza a lei em nosso caso será aplicada com toda a sua força e serviremos de exemplo. É inadmissível, em um sistema democrático, que se use o poder do Estado para manter as desigualdades. Fonte: Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (APRASC).