Capinzal celebra cultura e história com o lançamento do livro sobre a presença alemã no município |
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, Celso Furtado (1920-2004) conta com amplo reconhecido entre os importantes economistas brasileiros, cujos contributos ao estudo e à compreensão do Brasil e das economias latino-americanas são incontestáveis. A sua obra reflete uma visão crítica sobre o desenvolvimento econômico, alinhada com os desafios históricos e estruturais enfrentados pelos países da América Latina, especialmente o Brasil. Furtado é conhecido por suas análises profundas sobre a dependência econômica, a industrialização, e o papel do Estado na promoção do desenvolvimento.
De outro vértice, Furtado formou-se em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve seu doutorado em Ciências Econômicas na Universidade de Paris. Durante sua formação, foi influenciado pelas correntes de pensamento que buscavam compreender as especificidades do subdesenvolvimento no contexto latino-americano. As suas ideias e trabalhos se distanciaram das teorias econômicas convencionais da época, propondo uma nova leitura da economia brasileira e da dinâmica do capitalismo periférico.
Destarte, em sua trajetória, Furtado foi profundamente impactado pelo processo de modernização e de industrialização que se iniciou no Brasil na década de 1950. Suas teorias foram marcadas pela análise da dependência do país em relação aos centros econômicos globais, tendo em vista que o Brasil se via inserido em uma economia globalizada de forma subalterna. A busca por um modelo de desenvolvimento que fosse capaz de superar as limitações históricas da economia brasileira foi um dos objetivos centrais de sua obra.
Outrossim, a produção intelectual de Furtado se caracteriza por um enfoque multidisciplinar, abrangendo tanto a economia quanto a história, a política e a sociologia. Seus trabalhos mais conhecidos incluem Formação Econômica do Brasil (1959) e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (1961), livros que estabeleceram as bases de sua análise crítica sobre as estruturas econômicas do Brasil e da América Latina.
Em Formação Econômica do Brasil, Furtado analisa a evolução econômica do país desde o período colonial até o momento da sua publicação, buscando entender os fatores que determinaram a trajetória de subdesenvolvimento do Brasil. Ele propôs que as características do Brasil, como a concentração fundiária e a exploração do trabalho escravo, haviam moldado a estrutura social e econômica, impedindo a formação de uma economia autônoma e industrializada.
Ademais, em Desenvolvimento e Subdesenvolvimento, Furtado apresenta um estudo mais amplo sobre as economias periféricas e as relações de dependência que as caracterizam. Influenciado pelas ideias de economistas como Raul Prebisch e os teóricos da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), Furtado descreve o subdesenvolvimento como um fenômeno estrutural que não pode ser compreendido apenas a partir da falta de recursos ou de capital, mas sim como uma consequência da inserção desigual das economias periféricas no mercado mundial.
A obra de Furtado revela um pensamento inovador que desafiou as interpretações econômicas dominantes de sua época. Ao contrário das abordagens ortodoxas que viam o subdesenvolvimento como um simples estágio a ser superado pelo desenvolvimento capitalista, ele argumentava que a dependência das economias latino-americanas, como a do Brasil, estava profundamente enraizada nas relações históricas e econômicas globais.
Furtado também destacou a importância do papel do Estado na promoção do desenvolvimento econômico. Ele via o Estado como um agente essencial para a promoção da industrialização, da infraestrutura e da educação, áreas fundamentais para um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Durante a década de 1950, o Brasil adotou políticas de substituição de importações, que foram em grande parte inspiradas pelas ideias de Furtado, buscando reduzir a dependência externa e estimular o desenvolvimento interno.
O Estado, para Furtado, não deveria se limitar a ser um agente regulador, mas sim um impulsionador de mudanças estruturais. Esse pensamento, alinhado com a proposta de desenvolvimento autônomo, fez de Furtado um crítico do modelo neoliberal que ganharia força nas décadas seguintes, quando o papel do Estado foi significativamente reduzido em muitas economias.
Não foi apenas um acadêmico, mas também desempenhou papéis importantes na administração pública, como Ministro do Planejamento no governo João Goulart. Sua experiência política ajudou a moldar sua visão sobre o desenvolvimento e o papel do governo na economia. Mesmo após a sua saída do governo e a implementação do regime militar no Brasil, ele continuou a escrever e a influenciar a política econômica brasileira.
O seu legado é imenso, não só por sua vasta produção intelectual, mas também por sua capacidade de integrar os campos da economia, da política e da história em uma análise abrangente do subdesenvolvimento e das alternativas para o Brasil. Seus escritos são fundamentais para compreender as dificuldades e os desafios enfrentados pelas economias periféricas e, de forma especial, pela economia brasileira.
Destarte, a crítica de Furtado ao neoliberalismo e a sua defesa do desenvolvimento autônomo continuam a ressoar nas discussões contemporâneas sobre as alternativas econômicas para países em desenvolvimento. Por final, atualidade de seus trabalhos reflete a permanência de muitas das questões que ele abordou ao longo de sua carreira, como a desigualdade, a dependência econômica e o papel do Estado no processo de desenvolvimento.
Em epítome, Celso Furtado é uma figura central na história da economia brasileira e latino-americana.
Por final, o seu pensamento crítico e sua visão profunda do subdesenvolvimento continuam a ser fontes essenciais de reflexão e inspiração para economistas, estudiosos e políticos que buscam alternativas para um desenvolvimento mais justo e autônomo, não apenas para o Brasil, mas para toda a América Latina.
O TEMPO jornal de fato desde 1989:
https://chat.whatsapp.com/IvRRsFveZDiH1BQ948VMV2
https://www.facebook.com/otempojornaldefato?mibextid=ZbWKwL
https://www.instagram.com/invites/contact/?igsh=4t75lswzyr1l&utm_content=6mbjwys
https://youtube.com/@otempojornaldefato?si=JNKTM-SRIqBPMg8w
Deixe seu comentário