Inauguração do Novo Templo da Assembleia de Deus em Zortéa-SC |
Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa
Muitas pessoas se vangloriam por ter alcançado algo na vida, seja a compra de um carro, de sua casa, um diploma, uma promoção no trabalho, etc...
É muito comum ouvirmos dessas pessoas que ela se sacrificou, lutou, passou necessidades, enfim, que merece o que conquistou...
Ótimo, o sentimento de merecimento é algo pessoal e devemos respeitar. Cada um sabe o que custou cada coisa que conquistou, cada um sabe o que teve que perder, abrir mão, para poder ganhar algo.
Isso tudo é sentimento merecimento. Mérito é um pouco diferente. Se sentir merecedor de algo, não significa dizer que o mérito é só seu. Existe um contexto onde você estava que de certa forma, contribuiu para você conquistar algo. Por exemplo, o mérito de uma boa laranja, não é apenas da laranjeira, mas do terreno fértil onde a laranjeira foi cultivada, da pessoa que plantou, da chuva e geada no tempo certo, etc...
Então não saia por aí dizendo que tudo o que você conquistou é mérito apenas do seu esforço. Você pode se considerar merecedor sim, mas antes de mais nada, conseguir reconhecer todos os privilégios que você teve. Você acha que não teve? Se você vive no Brasil e nunca passou fome, ou nunca sofreu preconceito e racismo, saiba que já é um grande privilegiado.
E paralelo a isso vem a meritocracia, que etimologicamente poderia significar “o poder do mérito”, ou um sistema de poder e organização social baseado no esforço pessoal.
Geralmente quem possui as melhores condições para se dar bem na vida e privilégios, defende uma sociedade meritocrática. Falando na sociedade brasileira, seriam os brancos, heterossexuais, classe média alta, quem nunca sentiu preconceito, racismo, fome....Para essas pessoas, meritocracia é sinônimo de justiça.
Quem defende uma sociedade meritocrática, entende que basta cada um lutar e se esforçar que conseguirá conquistar o que quiser, e também, que o fracasso ou insucesso é sempre resultante da falta de empenho individual. É como se a pessoa sempre responsabilizasse apenas a laranjeira pela boa ou má qualidade da laranja que se desenvolve nela. É como se ela não conseguisse ver que a laranjeira está plantada num determinado solo. Quem defende a meritocracia a unhas e dentes “está vendo apenas a laranjeira flutuando no ar...”
Portanto, apenas consegue fazer uma separação entre mérito, merecimento e meritocracia, aqueles que já sentiram na pele o impacto do seu contexto ou que estudaram e se aprofundaram no campo científico da sociologia do mérito.
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