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O TEMPO jornal de fato

Retorno à pré-história?

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Você deve ter se deparado com notícias sobre a diminuição de leitores no Brasil. “O Brasil que lê menos: pesquisa aponta perda de quase 7 milhões de leitores em 4 anos”. Este foi o título da manchete publicada pelo Portal G1 em 19/11/2024.

A matéria apresenta resultados da 6ª edição da "Retratos da Leitura no Brasil" a qual aponta que 53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. Segundo a matéria, é a primeira vez na série histórica que o levantamento conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros.

A partir da teoria da evolução das espécies em Darwin é possível perceber por meio de suas pesquisas, que determinados tipos de comportamentos, tanto de animais como de humanos, são responsáveis pelo desenvolvimento de determinadas áreas do cérebro. De acordo com a pisquiatra Ana Barbosa, em artigo publicado no seu site, a leitura estimula diversas áreas do cérebro, fortalecendo as conexões neurais e melhorando as funções cognitivas. A médica relata que um dos benefícios cognitivos é o aumento do vocabulário e o aumento da capacidade de compreender textos. Isso nos leva a concluir que a diminuição da leitura causará uma dificuldade maior em compreender textos.

E quero agora retomar a forma de comunicação que existia antes do surgimento da escrita, para justificar o título deste artigo. Os primeiros registros da escrita foram datados de 3.500 antes da era comum, ou seja, há mais de 5 mil anos atrás. De acordo com o Blog “Espaço do conhecimento” da UFMG, onde apresentam uma breve história da escrita, a forma de comunicação que existia antes da escrita era por meio da oralidade, símbolos e desenhos.

Hoje em 2024 nossas crianças não saem do celular, se comunicam por figurinhas em seus aplicativos de conversa, preferem vídeos do que textos. O que tudo isso significa? Na minha opinião, significa que estamos voltando a nos comunicar por meio de símbolos e desenhos. Veja como ocorre a abreviação das palavras, de tal forma, que muitas vezes, nós adultos não compreendemos. E o que essa cultura pode promover? Pode promover transformações cognitivas e de comportamento commudanças futuras na estrutura cerebral e até mesmo do corpo. Por exemplo, enquanto nós adultos, utilizamos todos os dedos da mão para datilografar ou digitar, as crianças de hoje somente utilizam os polegares. Isso promoverá alguma consequência para o corpo e para o cérebro? De acordo com estudos anteriores sobre a evolução das espécies sim.

E para finalizar eu quero lançar um questionamento: será que tudo isso, como a preferência pela imagem em relação ao texto, não é um movimento natural da história, que não teremos como evitar? Ou teremos que nos impor e tentar mudar os hábitos de nossas crianças? Não sei, realmente precisamos refletir.


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