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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, a pós-modernidade é um conceito complexo que designa uma etapa histórico-cultural caracterizada pela ruptura com os ideais e valores que sustentaram a modernidade. Embora não exista consenso entre os pensadores sobre suas fronteiras temporais e conceituais, em linhas gerais, pode-se afirmar que a pós-modernidade surge a partir da segunda metade do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando as certezas do projeto moderno começam a ser questionadas. A confiança no progresso, na razão e na ciência, que orientou o pensamento moderno desde o Iluminismo, é substituída por um sentimento de incerteza, fragmentação e relativismo, típico do mundo contemporâneo.
De outro vértice, no curso da Modernidade, acreditava-se que o ser humano, por meio da racionalidade e da técnica, seria capaz de dominar a natureza, organizar a sociedade e alcançar o bem-estar coletivo. O progresso científico e tecnológico era visto como o caminho seguro para a emancipação e para a liberdade. Contudo, as catástrofes do século XX — guerras mundiais, totalitarismos, crises econômicas e degradação ambiental — abalaram profundamente essa confiança. O avanço técnico mostrou-se ambíguo: ao mesmo tempo em que proporcionou conforto e desenvolvimento, também produziu destruição e desigualdade. A pós-modernidade nasce, assim, como um momento de desilusão diante das promessas não cumpridas da modernidade.
Destarte, entre os principais teóricos que refletiram sobre esse fenômeno está Jean-François Lyotard, que, em sua obra “A condição pós-moderna” (1979), define a pós-modernidade como uma incredulidade em relação aos metarrelatos, ou seja, às grandes narrativas explicativas que procuravam dar sentido à história e ao conhecimento humano. Segundo Lyotard, o tempo pós-moderno é marcado pela desconfiança diante de discursos totalizantes — como o progresso, a emancipação, o marxismo ou o iluminismo — e pela valorização da multiplicidade de vozes, da diversidade cultural e da pluralidade de perspectivas. Não há mais uma verdade única e universal; há, em vez disso, múltiplas verdades parciais e contextuais.
Igualmente, outro autor fundamental para compreender a pós-modernidade é Jean Baudrillard, que analisa o impacto dos meios de comunicação e do consumo sobre a sociedade contemporânea. Para ele, vivemos em uma era de simulacros, em que as imagens e representações se tornam mais reais do que a própria realidade. A cultura midiática cria um mundo de aparências, no qual o indivíduo se relaciona mais com signos e símbolos do que com experiências autênticas. Essa lógica do simulacro e da hiper-realidade leva à dissolução das fronteiras entre o real e o virtual, o verdadeiro e o falso, o essencial e o superficial.
Destarte, no campo da cultura, a pós-modernidade se manifesta pela mistura de estilos, pela rejeição de hierarquias entre a chamada alta cultura e a cultura popular e pela valorização do ecletismo e da experimentação. A arte pós-moderna incorpora elementos da cultura de massa, da publicidade, do design e da tecnologia, rompendo com a ideia de originalidade e autoria individual.
Ademais, a estética pós-moderna é marcada pela ironia, pela paródia e pelo pastiche, refletindo uma atitude de ceticismo e liberdade criativa diante dos padrões tradicionais. O mesmo ocorre na arquitetura, que abandona o rigor funcional e a simplicidade do modernismo, optando por formas híbridas, cores vibrantes e referências históricas reinterpretadas.
Outrossim, no plano social e político, a pós-modernidade está associada à globalização, à fragmentação das identidades e à crescente interdependência entre culturas. As fronteiras entre nações, gêneros e classes tornam-se mais fluidas, e a noção de sujeito unitário e autônomo dá lugar a identidades múltiplas e mutáveis. A tecnologia digital e a internet intensificam esse processo, transformando as formas de comunicação, de trabalho e de convivência. O indivíduo pós-moderno é, ao mesmo tempo, conectado e solitário, informado e desorientado, livre e vulnerável. Vive em um ambiente de excesso de informação e de constante mudança, no qual a busca de sentido se torna cada vez mais pessoal e provisória.
Entretanto, a pós-modernidade não deve ser compreendida apenas como um tempo de crise e perda de referências, mas também como uma oportunidade de repensar as bases do conhecimento e das relações humanas. Ao questionar as verdades absolutas e abrir espaço para a diversidade, ela permite reconhecer vozes e experiências antes marginalizadas, como as das minorias étnicas, de gênero e culturais. A pluralidade pós-moderna, embora traga desafios à coesão social e à objetividade do conhecimento, também promove uma visão mais tolerante e inclusiva do mundo.
Em epítome, a Pós-Modernidade consiste em uma condição histórica e cultural marcada pela incredulidade em relação às certezas da modernidade, pela fragmentação das verdades e identidades e pela valorização da diversidade, da diferença e da multiplicidade. É um tempo de paradoxos: celebra a liberdade e a criatividade, mas também evidencia o vazio e a instabilidade de um mundo sem fundamentos universais.
Por final, compreender a pós-modernidade importa compreender o próprio espírito do nosso tempo, um ciclo de transformações aceleradas, de fronteiras difusas e de constante reinvenção do humano.
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