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O dia de Natal é bíblico?

Mario Eugenio Saturno (https://www.facebook.com/Mario.Eugenio.Saturno/ ) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Celebramos o nascimento de Jesus Cristo (Natal) em 25 de dezembro há quase dois mil anos. Mas muitos sábios, ou que se dizem e, o que é pior, pensam ser, dizem que não tem base bíblica ou histórica... Será?

Como não existem datas alternativas, isso mostra que a intensão destes "sábios" é estragar a festa alheia. Mas, claro, eles estariam denunciando uma apropriação de festas pagãs, como a Saturnália ou, ainda, o Sol Invictus.

Acontece que a Saturnália terminava em 23 de dezembro. Já o Sol Invictus era sim em 25 de dezembro, mas só foi instituído em 274 d.C. pelo imperador Aureliano, muito tempo depois dos cristãos. É mais provável que os adeptos do Sol Invictus terem se apropriado da data de Natal.

Outro argumento para negar a data é que o inverno de Belém seria rigoroso, incluindo muita neve. Porém, em Belém, neva raramente e os invernos lá são amenos. Eu mesmo estou acompanhando o clima da cidade por sites de meteorologia. O que Lucas (2,8-20) relata sobre os pastores vigiando seu rebanho à noite é plausível.

Antes de vermos o testemunho da Bíblia, precisamos reconhecer que os primeiros cristãos já celebravam o Natal em 25 de dezembro. O primeiro relato foi feito por São Hipólito de Roma (204 d.C.), cito o livro traduzido por J.H. Kennedy, em grego e em inglês, "Part Of The Commentary Of S. Hippolytus On Daniel", pág. 89: "A primeira vinda de nosso Senhor, a vinda na carne, pela qual Ele nasceu em Belém, ocorreu no oitavo dia antes das calendas de janeiro, no quarto dia da semana, no quadragésimo segundo ano do reinado de Augusto e no ano cinco mil quinhentos desde Adão".

Obviamente, Hipólito registra o que já era comum nas comunidades (ekklesia), assim como outros escritores registraram o batismo por infusão, o batismo de crianças, a comunhão do corpo e sangue, o dia de domingo, os Sacramentos e - que incrível! - o 25 de dezembro (na contagem inclusiva romana).

Um livro anônimo "De Pascha Computus", que foi escrito em latim pelo ano 243 d.C., apresenta o VIII da calenda de abril, ou 25 de março, como sendo o dia da Criação do universo e da Concepção e também Morte de Jesus. Não cita o nascimento, mas nove meses depois cai em torno do dia 25 de dezembro.

Há ainda a Cronographus Anni 354 (d.C.), e São João Crisóstomo (386 d.C.), mas vem de Lucas (1,5-13) a evidência mais interessante: "nos tempos de Herodes, um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias". Vemos na Primeira de Crônicas (24,1-19) que eram 24 turnos sacerdotais e que Abias era o oitavo e que ele retornou a Jerusalém com Neemias (12,4). No dia da destruição do Templo, estava servindo a primeira divisão, a de Joiarib. Perdeu-se o registro mas podemos reconstruir e em uma das três possíveis reconstruções dos turnos, coloca Zacarias em torno do início de outubro. Coerente com o dia 24 de junho que a Igreja Primitiva já celebrava o nascimento de João Batista. Seis meses depois nasceria Jesus.

Se fizéssemos um modelo matemático, 25 de dezembro seria a data mais provável, conforme as comemorações da Igreja Primitiva. Assim, podemos dizer com certeza: Feliz Natal!


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