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Costumes e aspectos históricos figuras míticas
Costumes e aspectos históricos se misturam a figuras míticas em obra do escritor Cornélio Marcon
Sonho da Terra resultou de um longo trabalho de pesquisa do autor Cornélio Angelo Arcon que integrou, por doze anos, o corpo docente dos cursos de Licenciatura da Unoesc Campus de Joaçaba. É um romance histórico, vivido em parte, pelo escritor, natural de Capinzal, professor, hoje residente em Florianópolis. Constrói-se com personagens e fatos de uma família, em geografia marcada no mapa desde o planalto central ao Oeste do Estado, principalmente no Meio-Oeste catarinense, no período após os conflitos do Contestado.
Os dez capítulos revelam a trajetória de Nelo e Pina, casal progenitor de Marcon. A saga da família e o sonho de conquistar a própria terra são narrados na história que evidencia toda a carga familiar, étnica e cultural veneta. A chegada dos protagonistas na terra, à sombra de um parente (primeiro capítulo), em nada refreou o ideal de adquirirem logo, à dureza de lutas e trabalhos, um pedaço de chão onde poderiam viver e produzir (segundo e sexto capítulos). Trabalham, constroem, estabelecem limites, rodeiam-se de filhos e, mesmo com todas as dificuldades inerentes à época, dia após dia, adquirem posses, bens e méritos. Simultaneamente, formam uma constelação de figuras-símbolos (seres da natureza e pessoas, figurações da vida, do meio, da cooperação e da hostilidade) que acompanham seu viver, ora submissos, ora ferozes, ora vorazes de suas vidas (terceiro, quarto e oitavo capítulos principalmente).
A obra narra o estilo de vida de imigrantes italianos que migraram do Rio Grande do Sul, entre as décadas de trinta e sessenta do século vinte, mas que se liga às raízes da ambição argentina nas questões dos limites com o Brasil, e do Paraná com a pretensão sobre as terras contestadas. Por isso, a linha histórica alcança o final do século dezenove, com a questão da Tríplice Aliança ? Brasil, Uruguai e Argentina ?, o início do século vinte, com os contratos da construção da Estrada de Ferro São Paulo/Rio Grande do Sul (1907 a 1910), a questão do Contestado (1912 a 1916) e estabelece o plano dos personagens da narrativa no período após esses conflitos, com a migração gaúcha composta de descendentes italianos, alemães e poloneses principalmente na região.
O esforço do autor consiste em retratar a vontade firme do protagonista em firmar-se na terra, elaborá-la a seu modo e nela embasar sua promoção e a de seus dependentes. Deseja evocar a saga de todo cidadão que se lança no caminho da conquista de sua vida e de sua história. O autor faz alusão aos grandes ídolos da cultura ocidental: ter, poder e prazer, responsáveis pelo lado caótico da História Humana. Cérberus, na mitologia grega, era o Cão que protegia a casa do deus Hades, soberano do inferno a que eram condenados os gregos que se entregavam ao culto desses deuses. Os símbolos se distribuem em animais do mato e do mito, através de figuras míticas como o cão de três cabeças.
O autor consegue transformar a palavra em elemento visual, com descrições fiéis da casa italiana, do monjolo e de tantos outros elementos. Relata aspectos históricos como o emplacamento de carroças e a carteira de condutor, atributos obrigatórios na época. Sonho da Terra contém diversas citações no talian, dialeto vêneto, por isso, a expressão veneta aparece em caracteres com fonte diferenciada (arial), seguida da versão para o português, em itálico.
O Curso de Letras, através do coordenador David Mandryk, está programando o lançamento do livro Sonho da Terra em Joaçaba. A obra foi editada pela Nova Letra, de Blumenau e lançada no ano passado.
Escritor Cornélio Marcon entre os professores Marilena Detoni e David Mandryk
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