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MEDO DE AMAR

PALOMA BARBUENO DOS SANTOS

      Quem não possui medo de amar? Quem não oculta algum receio em relação ao amado? Lembro-me de um conto que li do escritor brasileiro Rubem Fonseca em que um personagem sentia medo de alguém ver ele e sua amada pegando o trem juntos; que o porteiro do hotel desconfiasse de alguma coisa; até do que os dois iriam fazer...

Numa determinada passagem do conto, ele se sentiu incomodado ao ler uma carta que ela tinha lhe enviado, quando ele estava em Buenos Aires. É que ela havia cometido um erro de português. Cito: “Viver sem você é difícel; com e. Eu achava ela tão bacana e perfeita que fiquei constrangidíssimo com aquele erro de grafia, sentindo vergonha, como se tivesse cometido, eu mesmo, o pior dos enganos.” Apesar disso, o mais legal desse conto é que mesmo com essa gafe da garota, ele não perdeu o interesse por ela, muito pelo contrário, isso só confirmou o amor que ele sentia por ela. E sabe por quê? Porque o amor é assim mesmo, “se manifesta das mais estranhas maneiras”, como ele mesmo disse, e faz com que a gente aceite o outro com os defeitos que for, pondo sempre as qualidades em evidência.

Algo assim já aconteceu comigo. Eu gostava de um garoto pra valer e ele não pronunciava o R corretamente. Ele não falava CORRER e sim CORER. Esse fato me deixava encabulada de tanta vergonha e até com vontade de corrigi-lo, mas não o fiz com medo de magoá-lo e ele não aceitar minhas críticas. Que situação!

Sabe, acho que quando você gosta de alguém, isso é o que menos importa. Só não vale investir num “mala” ou numa “nariz empinado”, até porque, defeitos a gente releva e pode até fazer algo para melhorar. Agora, ter que aturar um “sarna” ou uma “sarna” só porque morre de amores por ele (a), ninguém merece! Aí é pedir para sofrer.

Mas, de certa forma, concordo em parte com o personagem desse conto, quando ele afirma que “a mocidade é mesmo uma doença”. Quando a gente se dá conta já está totalmente apaixonada. Esse negócio de amar na mocidade é bem complicado, você não  acha? É como diz o poeta: “O amor é um fogo que arde sem se ver...” E sabe do que mais? Também tenho meus medos, assim como todos os adolescentes. E sabe qual é o maior deles? De me apaixonar novamente.

 

                                                      PALOMA BARBUENO DOS SANTOS

                                              Colégio de Educação Básica Mater Dolorum

 

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