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PANORAMA HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE CAPINZAL

?A Vanguarda?. Campos Novos. Ano: 1908. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Florianópolis (SC). Obras Raras.

Esclarecemos aos leitores que antes de adentrar nos aspectos históricos locais do atual município de Capinzal é necessário fazermos um escorço histórico sobre a estrada de ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Isso, porque, esse meio de transporte, a nosso ver, foi importante para o surgimento de Capinzal.
Colocada essa observação, passamos ao tema desta crônica, e para tanto, se faz necessário retrocedermos no tempo, ao mês de novembro de 1889 poucos dias antes da proclamação da república; quando o Imperador Dom Pedro II sancionaria a Lei n° 10.432 concedendo a João Teixeira Soares, a autorização para a construção da malha ferroviária na região sul do Império.
Porém, por diversos motivos essa lei ficaria apenas no papel e entraria em vigor, alguns anos após a proclamação da república, com muitas modificações.
Em decorrência de tal fato a Brazil Railway Company, empresa comandada por Percival Farquhar; ficaria incumbida de construir o trecho situado em Santa Catarina. Registre-se que o engenheiro responsável por essa grandiosa obra ferroviária foi Achilles Stenghel.
Encontramos apontado na Enciclopédia Digital Wikipédia que Percival Farquhar assumiu o controle acionário da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul, no ano de 1908.
Note o leitor, que o contrato firmado entre Percival e o Governo Federal previa que as terras que ficassem 15 quilômetros da estrada de ferro, passariam a pertencer a Southern Brazil Lumber & Colonization, empresa pertencente à Farquhar e responsável, preliminarmente pela colonização do Vale do Rio do Peixe.
Também queremos registrar como foi importante para Campos Novos, Capinzal e toda a região inserida no Vale do Rio do Peixe o transporte ferroviário, a prova dessa assertiva está anotada na reportagem publicada no periódico “A Vanguarda” de Campos Novos que circulou no segundo semestre de 1908 . Transcrevemos na íntegra o teor dessa crônica:
“Não menos digno de notas é o fato da próxima passagem da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul por este Município. O benefício já está fazendo sentir, além do movimento de trabalhadores e atividades que já se nota, a princípio, no nosso pequeno meio comercial, aparelhar-nos em futuro remoto, aparecermos com grandes cópias de produtos que produzimos.
Sabido como é que o colono não dispõe de recursos, sofre privações de toda sorte até a primeira colheita. Para amenizar a situação, ele poderá achar trabalho remunerado durante a construção, quando os trabalhos de sua colônia permitir uma ausência temporária, ou quando puder deixar em casa alguém.
A partir do segundo ano, os seus produtos agrícolas, devidos á construção, ele os venderá em casa, sem ter a necessidade de oferecê-los aos negociantes e vendê-los por preço abaixo do mercado como hoje se pratica.
No terceiro ano, com a inauguração da estrada de ferro, o colono laborioso, não terá mais dúvida do futuro; saberá que as terras lhe garantem e a sua família a sobrevivência e um pecúlio na velhice; trabalhará com prazer porque diante de seus olhos a recompensa verá, pois terá por onde exportar, e, não somente os seus produtos como as lindas madeiras que existem às margens do Rio do Peixe; e também, os majestosos pinheiros que habitam o planalto, além de outros artigos que hajam sem valor desprezado”

Procura essa reportagem apresentar ao leitor as possibilidades que adviriam com o término dos trabalhos na estrada de ferro, cita, por exemplo, a facilidade para escoamento dos produtos agrícolas da região e a possibilidade que este meio de transporte traria para a atividade extrativa da madeira na região. Registramos que a inauguração da via férrea no trecho Porto União (SC) a Marcelino Ramos (RS) ocorreu oficialmente no dia 17 de dezembro de 1910.
Concluído os trabalhos da estrada de ferro, a atividade econômica, social, da Estação Capinzal, e, depois Distrito de Rio Capinzal e atualmente simplesmente Capinzal; seguiria o seu ritmo normal, o que já não ocorreria com o transporte ferroviário, eis que em 1940 a Brazil Railway Company seria encampada pelo Governo Federal e passaria a denominar-se Rede Viação Paraná - Santa Catarina (RVPSC).
No ano de 1957 a RVPSC seria incorporada pela Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA); porém, mais mudanças no setor do transporte ferroviário adviriam com o Plano Nacional de Estatização que iniciaria em 1990 e sete anos depois, chegaria a vez de a RFFSA ser privatizada, quando foi concedida a permissão à Ferrovia Sul Atlântico para exploração do trecho ferroviário localizado no Vale do Rio do Peixe.
Os elevados custos operacionais foram causas das privatizações das ferrovias no Brasil, para sanear isso, o Governo Federal, privatizou o setor, na expectativa de que houvesse melhoria no transporte ferroviário, no entanto, pouca coisa mudou.
Tristeza de saber que a estrada de ferro que por muitos anos foi o meio de locomoção de pessoas e mercadorias mais usada hoje, está no abandono.
Verdade seja dita, as viagens de trem se não eram tão confortáveis, porém, a paisagem era e é linda.
Hoje, ficaremos por aqui e oportunamente trataremos dos seguintes temas: origem do nome, os primeiros moradores e a colonização de Capinzal.

Paulo Eliseu Santos

http://wikipedia.org./wiki/Estrada_de_Ferro_S%c3%A3o_Paulo_Rio_Grande .
Acesso em 13 de setembro de 2009.

“A Vanguarda”. Campos Novos. Ano: 1908. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Florianópolis (SC). Obras Raras.
 

 

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