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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Isagogicamente, a pós-modernidade consiste em conceito complexo que designa uma série de transformações culturais, sociais, econômicas, artísticas e filosóficas ocorridas principalmente a partir da segunda metade do século XX. Ainda que não exista consenso absoluto sobre o início e os limites precisos desse período, é possível associá-lo à crise dos paradigmas modernos, especialmente aqueles oriundos do Iluminismo, da Revolução Industrial e das grandes narrativas históricas do Ocidente. A pós-modernidade surge como uma espécie de reação, crítica ou superação da modernidade, embora em muitos aspectos ainda dialogue com ela, seja na forma de continuidade ou ruptura.
De outro vértice, no plano filosófico e cultural, a pós-modernidade questiona a ideia de verdade universal, de progresso linear e de razão objetiva, fundamentos centrais do pensamento moderno. Enquanto a modernidade se estruturava sobre grandes sistemas explicativos – como o marxismo, o positivismo ou o cristianismo tradicional – que buscavam dar sentido totalizante à realidade, a pós-modernidade desconfia dessas metanarrativas. Em seu lugar, valoriza-se a multiplicidade de pontos de vista, a fragmentação, o relativismo e a pluralidade de discursos. Essa nova sensibilidade é marcada por um ceticismo em relação às certezas absolutas e por uma abertura para a diversidade de experiências e interpretações do mundo.
Destarte, na arte e na literatura, a pós-modernidade se manifesta pela rejeição aos estilos canônicos e pela mescla de gêneros, linguagens e referências. É comum o uso da intertextualidade, da paródia, do pastiche e da ironia, em oposição à ideia de originalidade e pureza estética típicas da modernidade. A obra de arte pós-moderna frequentemente rompe com as fronteiras entre o erudito e o popular, o antigo e o contemporâneo, criando uma estética híbrida, muitas vezes desconstruída e autoconsciente. Artistas e autores pós-modernos costumam brincar com convenções e desafiar o espectador ou leitor a repensar seus pressupostos.
Entretanto, no campo social e político, a pós-modernidade está intimamente ligada à globalização, ao avanço das tecnologias da informação e à emergência de novas formas de subjetividade. O indivíduo pós-moderno é frequentemente descrito como fragmentado, multifacetado e em constante reconstrução, influenciado por uma multiplicidade de mídias, discursos e contextos. As identidades deixam de ser vistas como estáticas e essencialistas, passando a ser percebidas como construções sociais e culturais, muitas vezes transitórias e contraditórias. Movimentos sociais ligados à diversidade sexual, étnica e cultural encontram espaço nesse novo ambiente para reivindicar visibilidade e direitos, ainda que também enfrentem novas formas de exclusão e desigualdade.
A economia pós-moderna, por sua vez, é marcada pela passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade de consumo e de serviços, com ênfase na informação, no entretenimento e na inovação constante. O capitalismo assume uma forma mais flexível, global e simbólica, baseada no marketing, na marca e na experiência. A cultura de consumo torna-se central na constituição das identidades e das relações sociais, e os produtos culturais passam a ser consumidos não apenas por seu valor utilitário, mas também por seu valor estético e simbólico. Nesse contexto, a imagem adquire primazia sobre a substância, e a aparência muitas vezes se sobrepõe à essência.
Contudo, a crítica à pós-modernidade aponta alguns riscos e contradições. Muitos autores alertam para o perigo do relativismo extremo, que pode levar ao niilismo ou à indiferença ética e política. A ausência de referenciais estáveis pode gerar insegurança, superficialidade e desengajamento. Além disso, o culto à individualidade e à liberdade de escolha, embora valorizado, também pode resultar em isolamento, competição exacerbada e alienação. O próprio conceito de verdade, quando completamente dissolvido, pode abrir espaço para discursos manipuladores, negacionistas ou autoritários.
Por outro lado, defensores da perspectiva pós-moderna argumentam que ela oferece uma leitura mais realista e plural do mundo contemporâneo, reconhecendo as diferenças culturais, as múltiplas formas de conhecimento e as complexidades da condição humana. Ao recusar as explicações únicas e totalizantes, a pós-modernidade possibilita o surgimento de vozes marginalizadas e a construção de narrativas alternativas. Em vez de buscar um sentido único, propõe-se a convivência entre múltiplos sentidos, em um cenário onde o diálogo, a criatividade e a experimentação tornam-se valores centrais.
Em epítome, a pós-modernidade consiste em uma nova maneira de compreender e viver o mundo, caracterizada pela valorização da diversidade, pela fragmentação das certezas e pela fluidez das identidades. Ela desafia os padrões estabelecidos, promove o hibridismo cultural e questiona a autoridade dos discursos tradicionais.
Por final, posto que que envolta em controvérsias e paradoxos, a pós-modernidade nos convida a refletir criticamente sobre nossas crenças, práticas e relações, em um tempo marcado pela complexidade, pela incerteza e pela multiplicidade.
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