Sicoob ultrapassa 9 milhões de cooperados com solidez e impacto social |
TERAPEUTA INTEGRATIVO E COMPLEMENTAR – FORMAÇÃO ACADÊMICA E EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, nos últimos anos, a demanda por práticas integrativas e complementares em saúde tem crescido de maneira significativa no Brasil e no mundo. Este movimento acompanha a busca por abordagens mais humanizadas, holísticas e preventivas no cuidado à saúde, que consideram o indivíduo em sua totalidade — corpo, mente, espírito e ambiente. Nesse cenário, destaca-se a figura do terapeuta integrativo e complementar, um profissional cuja atuação abrange diversas práticas voltadas ao bem-estar físico, emocional e energético, em consonância com princípios da saúde integrativa. No entanto, apesar do reconhecimento crescente dessas práticas, ainda há muitas dúvidas sobre a formação acadêmica necessária e o exercício profissional regulamentado para esses terapeutas.
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como são chamadas oficialmente no Brasil, foram institucionalizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). A partir daí, modalidades como acupuntura, fitoterapia, homeopatia, reiki, aromaterapia, medicina tradicional chinesa, entre outras, passaram a ser oferecidas em unidades de saúde pública. Essa ampliação de escopo legitimou, em parte, o trabalho dos profissionais envolvidos com essas terapias. Entretanto, o campo ainda é caracterizado por uma diversidade de formações, nem sempre alinhadas a diretrizes acadêmicas padronizadas, o que levanta discussões sobre a regulamentação e qualificação desses profissionais.
O terapeuta integrativo e complementar pode ser oriundo de diversas áreas do conhecimento, como biomedicina, psicologia, enfermagem, fisioterapia, educação física ou mesmo de formações livres específicas nas terapias alternativas. A ausência de uma regulamentação nacional única para a profissão faz com que muitos cursos sejam oferecidos por instituições privadas, com cargas horárias e abordagens variadas. Há formações de nível técnico, cursos livres e pós-graduações lato sensu reconhecidas pelo MEC, especialmente voltadas para profissionais de saúde que buscam complementar sua atuação clínica. Por outro lado, existem também terapeutas que atuam com base em saberes tradicionais, empíricos ou familiares, especialmente em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, onde os cuidados com a saúde sempre envolveram práticas integrativas de caráter ancestral.
Nesse sentido, uma das principais discussões no campo é a regulamentação da profissão de terapeuta integrativo e complementar. Embora algumas modalidades específicas, como a acupuntura, já contem com regulamentação parcial, geralmente vinculada a conselhos profissionais da área da saúde, a maior parte das terapias ainda não possui normatização clara quanto à formação exigida e aos limites de atuação. Em 2023, o Projeto de Lei nº 2822/22 tramitava na Câmara dos Deputados, visando reconhecer e regulamentar a profissão de terapeuta naturopata, o que mostra um avanço na tentativa de consolidar a profissão. Porém, o tema ainda suscita debates sobre segurança do paciente, responsabilidade ética e a necessidade de formação qualificada.
Do ponto de vista do exercício profissional, os terapeutas integrativos e complementares podem atuar de forma autônoma, em clínicas particulares, espaços de bem-estar, hospitais, centros de reabilitação e até mesmo no SUS, quando vinculados a programas municipais que ofertam PICS. A atuação responsável exige não apenas domínio técnico das terapias aplicadas, mas também conhecimentos sobre limites de intervenção, ética profissional e articulação com outras áreas da saúde..
No entanto, configura-se fundamental que o profissional esteja em constante formação, atualizando-se sobre evidências científicas que sustentem sua prática e buscando formação complementar em anatomia, fisiologia, psicologia e outras áreas correlatas. A interdisciplinaridade é um valor central na prática integrativa, uma vez que o cuidado à saúde deve ser entendido como um processo contínuo e coletivo, que envolve múltiplos saberes e abordagens.
Muitos terapeutas, inclusive, trabalham em parceria com médicos, psicólogos e outros profissionais da saúde, compondo equipes multidisciplinares que atendem o paciente em sua complexidade.
Embora ainda haja muitos desafios na regulamentação e reconhecimento oficial da profissão, é inegável o papel que os terapeutas integrativos e complementares vêm assumindo na promoção da saúde e na humanização dos cuidados. A crescente demanda por esses profissionais reflete uma mudança cultural mais ampla, que valoriza a prevenção, o autocuidado e o equilíbrio integral do ser humano.
Para consolidar essa atuação no cenário da saúde brasileira, é necessário investir em formação qualificada, regulamentação profissional e valorização dos saberes tradicionais, promovendo um diálogo respeitoso entre a medicina convencional e as práticas integrativas.
Em face desse panorama, torna-se evidente que o terapeuta integrativo e complementar ocupa hoje uma posição estratégica na construção de um modelo de cuidado mais inclusivo, plural e centrado na pessoa.
O TEMPO jornal de fato desde 1989:
https://chat.whatsapp.com/IvRRsFveZDiH1BQ948VMV2
https://www.facebook.com/otempojornaldefato?mibextid=ZbWKwL
https://www.instagram.com/invites/contact/?igsh=4t75lswzyr1l&utm_content=6mbjwys
https://youtube.com/@otempojornaldefato?si=JNKTM-SRIqBPMg8w
Deixe seu comentário