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Documentário

UMA DAS MAIS ANTIGAS PROFISSÕES

ENTREGA DE LEITE A CAVALO EM CAPINZAL

 

Quem diria, apesar de Capinzal ter completado 60 anos de emancipação Político-Administrativa no último dia 17 de fevereiro, e contar com uma população em torno de 25 mil habitantes, uma atividade ainda resiste com o passar do tempo, a entrega de leite feita sobre o lombo do cavalo, pois há 55 anos essa atividade é realizada por Santo Rosseti. Capinzal está localizado no baixo vale do Rio do Peixe, limite com o município coirmão, Ouro, apenas separados pelas pontes Irineu Bornhausen e a Pênsil Padre Mathias Michellizza, sobre as águas do Rio do Peixe.

Capinzal é uma terra de um povo hospitaleiro que tem sua colonização enraizada na descendência italiana, Município próspero que impulsiona as riquezas e alavanca o desenvolvimento do meio oeste catarinense. Com sua economia baseada na indústria e na agropecuária, desenvolveu um comércio próspero e muito receptivo. Sua indústria e agropecuária são destaques nacionais e é sede de uma das maiores agroindústrias do país (Perdigão). O parque industrial metal-mecânico, em franco desenvolvimento, já faz de Capinzal referência nacional e o potencial do ramo madeireiro mostra-se presente, desde a colonização. E dentro deste cenário todo, Santo Rosseti de 65 anos passa a ter um papel de destaque, principalmente por manter a profissão de leiteiro mesmo existindo a indústria de Laticínio, no entanto, atende a preferência da clientela que sabe do rico poder de nutrientes, já que não desnata e nem passa por processos que poderá  enfraquecer a qualidade, é um produto puro, inclusive consegue fazer coalhada, algo não é possível no industrializado.   

A propriedade está localizada no interior do Município, nos altos da comunidade de Lauro Müller, a dois quilômetros do centro da cidade. Rosseti iniciou a entrega do leite com dez anos de idade, seguindo os passos de seu pai Izaltino, também agricultor, porém, desde 19 de junho de 1976, totaliza 33 anos que tem seu próprio negócio, quando casou com Salete Lurdes Rosseti, com a qual tem os filhos: Givanildo Rosseti (de 31 anos) e Juliana Aline Rosseti (de 19 anos), que ainda residem com o casal, e a filha Genilse Salete Rosseti, de 30 anos, mora em Curitiba (PR). No começo entregava leite diariamente, depois passou a fazer nas terças, quintas, sextas-feiras e nos domingos, agora o faz na terça e sexta-feira pela manhã.

O leite que entrega de casa em casa nas terças atende umas famílias e nas sextas outros clientes. O valor comercializado é de R$ 2,40 num vasilhame de dois litros descartável, além deste tipo de entrega também leva de vez em quando ovos, aipim, frango e mais produtos cultivados no campo para serem comercializados na cidade, onde também faz compras (rancho), consequentemente, o dinheiro gerado no comércio local permanece circulando no Município. Uma parte do leite tirado é entregue a cavalo e outra é destinada à industrialização, pois há um ano e meio também entrega para o Leite Vida, antes disto fazia quatro anos que uma outra lacticínio apanhava o produto.

Entregar leite para alguns vizinhos e também no perímetro urbano, exigiu ao longo do tempo de oito animais entre cavalos, mulas e burros, destes, está atualmente com Alazão com 14 anos de idade e o Baito de 10 anos, porém, a cada dois meses tem de trocar as ferraduras devido o desgaste e quebra das mesmas. Por isto que a entrega do leite persiste em ser a cavalo, devido o transporte mais barato, caso fosse com carro ou motocicleta, a despesa seria maior e não teria como manter os serviços.

A produção de leite é tirada de oito vacas, das 14 que tem na propriedade, sendo feito com a máquina (ordenhadeira), realizada às cinco horas da manhã e às cinco horas da tarde, porém, quem faz o serviço é sua mulher e filhos, já que ele não sabe, mas entrega o produto num longo percurso de ida e volta dez quilômetros. Faz 16 anos que tira o leite com a ordenhadeira, antes era manual e dava muito trabalho. Para poder ofertar e entregar leite de qualidade dispensa todo o cuidado com a saúde animal, vacina, desvermina, ainda dá uma alimentação composta de pasto e rações.

Dos 55 anos como leiteiro, Sueli Conceição de Abreu, residente no Loteamento Pôr do Sol, à Rua Aleixo Suzin, 90, há 45 anos pegou leite entregue por Rosseti, demonstrando a qualidade do produto e a satisfação dos clientes, inclusive a pontualidade na entrega.

Essa atividade mereceu um documentário feita pela equipe de acadêmicos da Universidade do Contestado – UnC de Concórdia, da 7ª fase de Comunicação Social e Jornalismo, da disciplina de Televisão III, tendo como professor Eduardo Agostinho Comassetto – o Duca. Para tanto, o pessoal se deslocou de Concórdia para Capinzal às três horas da madrugada de sábado, 18 de abril onde chegaram na propriedade rural às cinco horas e lá iniciou uma série de filmagens para poder montar o documentário. No entanto, novas imagens foram feitas hoje, sexta-feira, 24, para fazer parte do vídeo de uma das profissões mais antigas que ainda resistem. Quem esteve na propriedade foram: Aldo Azevedo, Jarbas Eloan Ritter De Ramos, Patrícia Galelli e Valesta Guero, acompanhados do cinegrafista Edison Dickel (o Éde), ainda fazem parte da equipe Edenir Zardinello, Jakson Vinícius Käfer e Karoline Nora.   

A nossa Reportagem perguntou ao Sr. Santo Rosseti, se já pensou em parar de entregar leite de casa em casa, então assim respondeu: “Planejei parar daqui há quatro anos, quando minha filha se formar em psicologia na Unoesc de Joaçaba”.  É intenção apenas permanecer entregando o leite para a indústria de lactínicio, o que não deixa de ser uma grande perda cultural e também em termos de qualidade do produto. Recentemente, também parou com a produção de suínos, devido ao baixo preço do quilo do porco na comercialização, lhe restando prejuízo já que estava construindo no chiqueirão, dentro dos padrões exigidos. Apesar disto, a imagem de Santo Rosseti está em alta, como chefe de família, também na posição de cidadão e na prestação de serviços na entrega de leite a cavalo que praticamente está prestes de chegar nas seis décadas ininterruptas, de início o caminho era feito através de estrada aberta a picareta, hoje as condições são melhores, porém, acesso estreito demais, onde passa dois carros raspando um ao outro.    

 

 

Início da atividade (ordenhando).

 

Casal Salete Lurdes e Santo Rosseti arrumando o leite na mala.

 

Rosseti em Lauro Muller: Ângela Peri.

 

Rosseti e cliente há 45 anos Sueli Conceição de Abreu.

 

Parte da equipe acadêmica com o casal: Salete e Santo Rosseti.

 

Muita caminhada e esforço, porém, feito com satisfação.

 

 

 

 

 

 

 

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