PADRÃO EUROPEU
Bruno Peron Loureiro
Ainda que sejam poucas essas experiências de maltrato à audição, não dá para tolerar. Inteirei-me de uma situação que une a falta de bom senso com uma atitude paga-pau. Alguns modelos do automóvel Peugeot 307 têm sido comercializados com a placa dianteira posicionada num nível muito inferior, o que provoca que ela raspe no chão, frequentemente entorte, ou até caia quando se manobra na garagem ou se passa em lombadas e valetas. E como se venderia o carro nesta circunstância?
Daí que o funcionário de uma concessionária da Peugeot no Brasil, daqueles que se encarregam de vender o carro com o argumento que seja, relatou que era assim mesmo porque o automóvel tinha sido projetado dentro dos padrões franceses. É um devaneio deduzir que temos vias apropriadas para esse padrão de engenharia. Como aceitar que esta linha de automóveis tenha sido fabricada para trafegar no Brasil como se a estrutura viária daqui fosse a da Europa?
O cara pirou. Melhor dizendo: esse tipo de afirmação parte de um imaginário (do qual espero não façamos parte) de imitação destituída de condições para fazê-la. Nesse caso, o espelho nem reflete a imagem. No Brasil, comercializam-se automóveis cujos velocímetros podem alcançar
Já vi de tudo: radares móveis escondidos em pontes ou no mato; radares que ficam atrás de placas de sinalização sobre a rodovia; radares que são instalados em vias de
Falta entender nossas raízes para partirmos das condições que temos. Atrever-nos a reconhecer o que é nosso e não envergonhar-nos se tivermos que partir do zero. Lembro-me das pessoas de terceira idade que travam o trânsito com seus carros antigos. Na hora, dá desespero nos outros condutores. A gente quer ir mais rápido. Aí surge a razão, que avisa que pelo menos eles não se arriscam a multas de velocidade nem pagam IPVA, aquele imposto que causa azedume.
Se tivesse que pagar pau, eu pagaria para eles. Não esquentam a cabeça.
Bruno Peron Loureiro é bacharel em relações internacionais.
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