por Antonio Carlos Pereira, 75 anos

O jornalista Carlos Henrique Roncalio apoia quando Câmaras Municipais de Vereadores prestam homenagens ao cidadão comum, reconhecendo seus feitos “pelo conjunto da obra”, seja ela simples ou não, e sugere que a “Rodovia Beira-Rio” de Herval d’Oeste tenha seu nome alterado para “Rodovia Ruddy José Nodari”, em homenagem ao ilustre desportista que foi prefeito de 1977 a 1983 naquele município.

A Câmara de Vereadores de Joaçaba concedeu ao senhor Idalino Roso o título de Cidadão Honorário Joaçabense, homenagem proposta pela vereadora Rita Weiss, em reconhecimento à sua história de vida, trabalho e contribuição para o crescimento da cidade. Natural de Nova Prata (RS), ele tinha oito anos de idade quando veio para Joaçaba e aqui construiu sua vida, formou família e fez história ao fundar, em 1964, uma oficina própria, a Mecânica Roso, onde conquistou clientes e amigos com seu jeito simples e, aos 94 anos, continua sendo um exemplo de vitalidade e amor pela cidade. Roso, carinhosamente conhecido como “Magro”, também foi sócio fundador do Grêmio Esportivo Comercial e do HUST, ajudou na construção da Igreja Santa Teresinha e sempre teve paixão por esportes e carros antigos, tendo sido um dos fundadores do Veteran Car Club Brasil de Joaçaba, e nos eventos desfila com seu Ford 1929.

Em nossa região são muitos os destaques concedidos aos cidadãos. Aqui em Capinzal foram lembrados o gaiteiro Adãozinho do Acordeon, que decidiu se aposentar após 40 anos de dedicação à música gaúcha e à valorização das tradições e o Maestro Carlinhos, Carlos Alberto da Silva, que por mais de trinta anos comanda a Banda Municipal de Capinzal e ensina na Escola de Música, dedicando-se a apresentações alusivas à Pátria e participando da Carlos Gomes Big Band, em Joaçaba.

Em Zortéa a Secretaria da Saúde homenageou as campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul, celebrando a valorização da vida, o autocuidado e a prevenção com palestra, danças e apresentações culturais. Zortéa e Abdon Batista receberam o Prêmio “SC Que Cuida”, distinção promovida pela Secretaria de Estado de Assistência da Mulher e da Família, que reconhece municípios com destaque na execução de políticas de assistência social.

Solenidade alusiva aos 18 anos de criação do 10º Comando Regional de Polícia Militar e 16 anos de fundação do 26º Batalhão de Polícia Militar prestou homenagens a policiais militares e cidadãos que se destacam pela dedicação, lealdade e contribuição ao fortalecimento da segurança pública e promoção da ordem. A PMSC existe desde 1835 e ao se instalar em Herval d’Oeste foi a primeira organização militar criada no interior de Santa Catarina. Ativado no dia 12 de setembro de 1921 com a designação de 1ª Companhia Isolada do Batalhão de Caçadores, tinha por missão guarnecer a Região Meio-Oeste após a Guerra do Contestado e foi a primeira Companhia Policial Militar a ser criada fora da capital catarinense.

Já o escritor e palestrante Jaime Telles lançou seu livro “Caminhos e Descaminhos da Oratória” na ALESC, Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, e agora percorre o estado catarinense em sessões de autógrafos. A obra foi lançada no início de setembro pela Editora Huning, e a diretora do Instituto Histórico e Geográfico do Oeste Catarinense, Sra. Eliane Huning, esclarece que Telles propõe uma análise crítica e instigante sobre o papel da oratória, pois sua escrita combina vivência pessoal, reflexão teórica e aplicação prática.

Ao tempo em que a Diocese de Joaçaba comemora seu Jubileu de Ouro, outras congregações religiosas celebram com júbilo datas festivas.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Joaçaba realizou um culto especial celebrando as seis décadas de atuação da Banda “Clarins de Sião” que, na ocasião, executou hinos com harmonias de cordas e metais, acompanhada pelo Coral. O maestro Jocemir Moreira lembrou que isso tudo foi possível porque um dia alguém ensinou música aos jovens e levar isso adiante é uma missão de verdadeira devoção, pois cada apresentação e cada vida transformada testemunham o poder da música feita para a glória de Deus.

A estação ferroviária de Herval d’Oeste assistiu à chegada dos pioneiros ao Vale do Rio do Peixe, pois muitos gaúchos migraram para a região, comprando terras e residindo nas colônias, matas e pinheirais entre Herval, Campos Novos e Curitibanos. Registro documental da Igreja Presbiteriana de Herval d’Oeste confirma que o primeiro culto evangélico presbiteriano foi realizado em outubro de 1924, na casa de um ferroviário. Em seu livro “Presbiterianismo no Oeste Catarinense” o pastor Osvaldo Henrique Hack recorda a decisiva passagem do pastor Lothan Ephair Wright e sua esposa D. Bela, Maggir Belle Müller Wright, pais do também pastor Jaime e de Paulo Stuart Wright. D. Bela tomou o trem na Estação do Herval e foi ao Rio de Janeiro em busca de recursos. Na então capital federal dirigiu-se à Legião Brasileira de Assistência e obteve da esposa do presidente da república, Sra. Darcy Dornelles Vargas, a promessa da construção do Posto de Puericultura, que foi instalado ao lado do Templo Presbiteriano. Desde janeiro de 2019 o Pastor Willian Hensen preside o Conselho da Igreja, com presbíteros eleitos entre os membros.

Ao comemorar o centenário de presença da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) em Joaçaba a Congregação Evangélica Luterana Santíssima Trindade recorda a história valorizando o presente e projetando o futuro.

As comemorações aconteceram exatamente 100 anos após aquele histórico 6 de setembro de 1925, dia em que o missionário Valentin Kühn reuniu 16 pessoas para celebrar o primeiro culto em ato que deu origem à Congregação Santíssima Trindade. Ao longo do tempo, a missão expandiu para Luzerna, Catanduvas, Treze Tílias, Curitibanos, Capinzal, Xanxerê, Videira, Linha Olinda, Linha do Cedro e Campos Novos, além de outras duas congregações em Joaçaba. Também surgiram instituições de ensino que permanecem como legado: o Colégio Luterano Santíssima Trindade em Joaçaba e a Escola Cristo Redentor em Catanduvas, ambas com caráter filantrópico, concedendo bolsas a estudantes carentes e oferecendo formação baseada em valores cristãos.

A programação iniciou com um encontro de corais, reunindo cerca de 100 cantores da região em apresentações de louvor e gratidão. A Banda Luterana emocionou a todos com um concerto especial em ação de graças. O ponto alto ocorreu na celebração que reuniu pastores da região e o presidente nacional da IELB, reverendo Geraldo Walmir Schuler. “Neste momento, represento a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, presente em todo o território nacional, que se alegra com o centenário desta comunidade marcada pela dedicação e amor ao próximo, à luz da mensagem do evangelho de Jesus Cristo”, afirmou.

“É momento de valorizarmos tudo o que vivemos até aqui, agradecer nossos pioneiros, celebrar as conquistas e enaltecer a importância religiosa, espiritual, educacional e social que a Congregação Santíssima Trindade possui para a região de Joaçaba”, destacou o pastor Marlon Hüther Antunes, que atua com os pastores Jiulian Matheus Quandt e Christian Priebe.

Durante a celebração foi aberta a cápsula do tempo lacrada em 1975, no cinquentenário da congregação, contendo documentos que recontam parte de sua trajetória. Uma nova cápsula foi fechada e será aberta em 2075 reunindo cartas, objetos, dinheiro atual, mensagens para as próximas gerações e documentos como o estatuto, o rol de membros, o histórico atualizado da congregação e uma Bíblia com hinário e catecismo.

Santíssima Trindade e a SCAJHO são entidades que apresentam forte ligação. Em 1957, a convite de Alfredo Sigwalt, começou a participar das apresentações da sua orquestra um grupo de aproximadamente 30 cantores da Comunidade Evangélica Luterana, com quatro vozes mistas, masculinas e femininas, regidos por Rudolfo Kühn. Em 1959 o grupo se organizou e fundou o Círculo de Cantores Harmonia, tendo como presidente Arthur Nehring, vice Carlos Gieck, tesoureira Cristina Dörl e secretária Gisela Scheufele.

Na dissertação apresentada como um dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Música no Programa de Pós Graduação em Música do Centro de Artes da Udesc, o jovem maestro Luiz Fernando Spessatto registrou: "No início da década de 1950 os recitais organizados em Joaçaba eram anunciados como concerto vocal-instrumental de amadores. No dia 19 de janeiro de 1952, pouco antes da estreia da Orquestra de Concertos, aconteceu no pavilhão da Igreja Luterana um concerto vocal-instrumental de amadores, com a participação de cantores e instrumentistas ligados àquela Igreja. Na ocasião, nas formações camerísticas, os violinos ficaram a cargo dos anfitriões, os irmãos Rodolfo e Valentin Kühn, e ao violoncelo Alfredo Sigwalt. A orquestra fez a primeira apresentação oficial em julho de 1952."

Dar título de cidadão honorário é simbolicamente perfeito, lembra Roncalio, afinal muita gente que veio de fora produziu mais do que alguns nativos. “O que deve ser evitado é fazer média com interesse político-partidário, gesto infrutífero e uma afronta quando algum vereador entra com pedido de aplauso ou repúdio a figuras que circulam na mídia nacional, desperdiçando o tempo e o dinheiro de quem o elegeu. Temas de interesse estadual ou nacional devem ficar no âmbito de sua competência, esperamos por mais projetos que dizem respeito ao local onde vive, visitando as ruas, as casas, os bairros, a cidade. Mais indicações, mais projetos, mais debates de interesse local, o que se espera do representante do povo é que fiscalize as obras e denuncie o que está em desacordo.”

Essas homenagens, cada uma a seu modo, formam um grande mosaico da memória regional. São gestos que perpetuam histórias, reafirmam identidades e inspiram novas gerações a continuar construindo, com trabalho, fé e cultura, o legado de nossas cidades. Em meio a tantos reconhecimentos, o que realmente se celebra é o amor pelas pessoas e pelas histórias que ajudaram a construir nossa terra. Cada nome lembrado, cada gesto de gratidão, é um elo que mantém viva a memória e fortalece os laços que nos unem como comunidade, porque são essas trajetórias simples e grandiosas que dão sentido ao lugar onde vivemos e ao tempo que partilhamos.

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