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VOLTANDO NO TEMPO O livro “Maria Fumaça uma Volta ao Passado”, de autoria de Paulo Eliseu Santos, sobre a estrada de ferro sul do Brasil foi de muita importância para o povoado do Vale do Rio do Peixe.

O livro “Maria Fumaça uma Volta ao Passado”, de autoria de Paulo Eliseu Santos, sobre a estrada de ferro sul do Brasil foi de muita importância para o povoado do Vale do Rio do Peixe.
Fatos Históricos
O TREM MISTO E DIRETO
Entenderam os administradores da via férrea que para melhor atendimento da via férrea que para melhor atendimento era necessário oferecer horários diversos. Em nossa região havia dois tipos de trem, o misto e o direto.
O trem misto tinha mais vagões de passageiros e de cargas. O trem direto era assim chamado, porque ele parava em poucas estações, permitindo que chegasse ao destino mais rapidamente que o trem misto. Ambos tinham vagões de primeira e segunda classe, e possuam sanitários.
Outro diferencial é que o misto não possuía restaurante, enquanto o direto tinha; no entanto, tanto no misto, como no direto, havia vendedores de frutas e guloseimas, e outros serviços.
Um fato importante e que marcou a indústria madeireira em todo o Vale do Peixe, ocorreu no ano de 1942, quando as madeiras em tábua ficaram aguardando embarque por mais de um ano. Ficaram expostas à chuva e ao sol. Quando foi autorizado o embarque, mais de setenta por cento da madeira estava imprestável para comercialização em geral. Foi um grande prejuízo para a classe madeireira.
Esse foi o lado negativo. O positivo é que o usuário desse meio de transporte tinha duas opções para viajar. O preço mais popular era do trem misto, assim quem tinha que ir a Joaçaba, ia de misto, parando nas seguintes estações, Barra Fria, Itororó, Leão, Herval d’Oeste.
O trem misto é que nos atraia, principalmente quando o gado bovino era levado os vagões de embarque; esses animais ficavam confinados no curral (onde hoje é a Área de Lazer Dr. Arnaldo Favorito). Para trazer e embarcar esse gado bovino, era necessário cavaleiros com domínio sobre aa condução do gado; e os que mais se destacavam nesse ofício foram os senhores João Vicente e outro cidadão conhecido como Domingão.
Gostava de observar a destreza dos condutores do gado bovino, levando os animais para os vagões destinados aos bois; o local privilegiado e seguro para anotar esse trabalho, era onde nos dias de hoje é o Centro Cultural Celso Farina. Ali estava protegido de qualquer reação dos animais que estavam sendo conduzidos aos vagões.
Não lembro em que ano isso ocorreu, mas a Santos Almeida S/A Indústria e Exportação (Sanalma) comprou quatrocentos cabeças de gado.
Esse gado saiu do referido Estado e depois de alguns dias chegou a Capinzal. Ficaram no curral por alguns dias; e depois, sob o comando do senhor João Vicente e Domingão foram conduzidos a diversas fazendas próximas, para serem depois levados a uma fazenda que pertencia a Sanalma, na localidade de Várgea no município de Campos Novos.
Voltando ao tema do trem a vapor, mais conhecido por Maria Fumaça, a sua velocidade média era de vinte e cinco quilômetros por hora; para chegar à estação de Barra Fria (atual Lacerdópolis) parecia uma eternidade; mas era compensador, pela paisagem que existia na margem do Rio do Peixe.
As rodovias eram precárias na região e para ir a Joaçaba era muito difícil, se tornando quase impossível quando chovia; além disso, a maioria da população não tinha carro. O ônibus ia até Campos Novos. Mais tarde, houve melhorias, permitindo maior rapidez no deslocamento entre Capinzal e Joaçaba.
Era no trem a vapor que chegavam produtos oriundos de centros maiores, para o comércio local. Em contrapartida, o que era aqui produzido era levado até um determinado local e depois baldeavam o produto para o trem a diesel, com destino à São Paulo e outras localidades no sudeste e sul do Brasil.
Quem mais utilizava esse serviço ferroviário era a indústria Reunidas Ouro S/A, que vendia produtos derivados da carne suína. Na Capital Paulista, os produtos da IRO tinham fama, sendo o mais conhecido a Copa Ouro, produto derivado da carne suína com excelente sabor.
Foi nesse trem a vapor que muitas pessoas iam a outros localidades, para passear ou visitar parente e amigos. Nos idos de 1946, quando o Arabutã ia jogar em Joaçaba, Marcelino Ramos, Barra do Leão, e em outras localidades, a equipe se deslocava de “Maria Fumaça”.
Com a chegadas do trem direto, a viagem ficou mais rápida para os destinos mais distantes, como Curitiba, porque o trem parava somente em estações principais. Viagens amenizadas pelo extraordinário visual que o Rio do Peixe presenteava, amenizando o cansaço da viagem.
Em cada estação, antes da chegada, ouvia-se o apito do trem e o barulho das rodas em cima do trilho; o embalo do vai e vem do trem nos trilhos, ocasionando assim vibrações medianas, sem causar enjoo, a não ser que o passageiro já estivesse com problemas digestivos.
A parada em cada estação era o desembarque e embarque de passageiros e mercadorias. O trem a vapor não tinha, naqueles idos passados, vagão frigorífico. Se já tivesse, ajudaria em muito o transporte de carnes.
Obs: Na próxima edição, Terceiro Capítulo, a Caravana de Getúlio Vargas na Estação Capinzal
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Aldo Azevedo / jornalista
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