VOLTANDO NO TEMPO O livro “Maria Fumaça uma Volta ao Passado”, de autoria de Paulo Eliseu Santos, sobre a estrada de ferro sul do Brasil foi de muita importância para o povoado do Vale do Rio do Peixe.

O livro “Maria Fumaça uma Volta ao Passado”, de autoria de Paulo Eliseu Santos, sobre a estrada de ferro sul do Brasil foi de muita importância para o povoado do Vale do Rio do Peixe.
Fatos Históricos
Quarto Capítulo
Passeio ferroviário socioeducacional
Capinzal possuía dois estabelecimentos de ensino na sede do município; o primeiro era o Grupo Escolar Belizário Pena, que era estadual; o segundo, o Colégio “Mater Dolorum”, que pertencia à Congregação das Servas de Maria e que atendia o sexo masculino e feminino – o mesmo ocorria com o Belizário Pena. No entanto, o Colégio Mater Dolorum tinha duas atividades extracurriculares que faziam a diferença. A primeira eram as excursões via férrea para localidades próximas, e a segunda, o teatro, na própria unidade escolar.
Via de regra o Colégio “Mater Dolorum”! realizava passeios para lugares próximos de Capinzal. O destino mais frequente dessas atividades era em Barra Fria. Saíamos cedo, meninos e meninas do primário, e aguardávamos com muito entusiasmo essa viagem. Com esses passeios aprendemos o valor da sociabilidade. O interessante é que as freiras organizavam tudo e quando chegava o meio-dia, e após a Misssa, a população de Barra Fria [11] ia buscar os alunos do Colégio “Mater Dolorum” para participarem do almoço da família. Gostava muito disso porque oportunizou a prática da percepção de cada ser humano, que tem a sua própria individualidade, sem impedir que através de uma conversa infantil, a gente fosse se conhecendo melhor. Geralmente esses passeios eram realizados duas vezes por ano. ]o Colégio “Mater Dolorum”, a partir do momento em que passou a atender somente o sexo feminino, continuou com essa atividade por mais algum tempo, o que também aconteceria com as peças teatrais.
Outra modalidade de viagem de trem era para estudar em outros municípios. A maioria dos que podiam custear os estudos, incialmente da filha, preferiam o Colégio Santos Anjos em Porto União. Esse estabelecimento de ensino tinha internato exclusivamente feminino, tendo iniciado suas atividades em Porto União no dia 07 de abril de 1917. A administradora era a Congregação das Missionarias Servas do Espirito Santo.
No período inicial das aulas, a Estação ferroviária de Capinzal era movimentada por adolescentes do sexo feminino, acompanhadas dos pais ou responsáveis na ida para o colégio.
A imaginação fluía nos pensamentos das adolescentes, desejosas de novos conhecimentos e de experiências, que na mente delas iriam se apresentar para elas longe de casa e dos pais. Seus corações aceleravam e a esperança do trem as deixava agitadas. Outras ficavam caladas, observando o tempo passar, talvez pensando que o trem seria o instrumento de um novo mundo que se descortinava para elas.
Os responsáveis ficavam atentos a tudo isso e quando alguma jovem ficava muito triste, ele a animava com palavras de conforto e esperança. A hora de partir para Porto União e outras localidades estava próxima, o apito do trem anunciava a chegada era ouvido por todas as moças que estavam na estação. Quanto o trem chegava, era o momento de algumas se despedirem de seus pais, partindo para novas experiências no campo do ensino. Algumas choravam, outras abraçavam seus pais com muito carinho e respeito. Havia também aquelas estudantes cujos pais não podiam leva-las, porém vinham acompanhadas do respectivo responsável para a viagem; e para essas jovens provavelmente a partida era mais dolorosa, mas provavelmente confiantes que, na volta para casa, nas férias de julho, retornariam com novas ideias sobre o modo de pensar, sentir e agir.
Muitas dessas jovens, mais tarde, participaram da sociedade capinzalense e Ourense com sugestões que modificariam o modo da sociedade das localidades citadas. Alguns anos depois, começa a vez dos jovens, a estudarem o segundo grau em localidades próximas ou distantes, porque em Capinzal e Ouro não havia o segundo grau. Embora a sociedade exigisse das autoridades competentes medidas práticas para a instalação do curso ginasial, isso ocorreria apenas em meados de 1950.
Antes disso, os jovens, tinham que estudar, se as condições financeiras permitissem, em Campos Novos, Lages. Alguns estudavam em Joaçaba e iam com o trem.
Obs: Na próxima edição, Quarto Capítulo, Festa religiosa de Marcelino Ramos.
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Aldo Azevedo / jornalista
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