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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Nas últimas décadas, o turismo assumiu um papel central na economia global, sendo responsável por movimentar bilhões de dólares e gerar milhões de empregos ao redor do mundo. Contudo, essa intensa movimentação de pessoas, recursos e estruturas trouxe consigo impactos significativos ao meio ambiente, especialmente em destinos frágeis e mal preparados para receber grandes fluxos turísticos.
Em resposta a esse cenário, surge o paradigma ecológico no turismo — uma nova abordagem que integra princípios de sustentabilidade, respeito à cultura local e preservação ambiental, colocando em xeque modelos tradicionais que priorizavam o lucro em detrimento da conservação.
O turismo ecológico ou ecoturismo, muitas vezes confundido com o turismo de natureza, vai além do simples contato com o meio ambiente. Ele se sustenta sobre três pilares fundamentais: conservação da natureza, educação ambiental e desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
A proposta é repensar a relação entre turistas, moradores e o ambiente visitado, criando uma dinâmica equilibrada em que todos os envolvidos se beneficiem sem comprometer os recursos naturais e culturais das gerações futuras.
Destarte, a mudança de paradigma, antes de tudo, configura-se em resposta à crise ambiental global. A intensificação das mudanças climáticas, a perda acelerada da biodiversidade e o esgotamento dos recursos naturais colocam em evidência a necessidade de uma transformação nos modos de consumo e produção, inclusive nas atividades turísticas. O turismo convencional, voltado à massificação e à exploração intensiva de espaços, revelou-se insustentável a longo prazo.
Destinos turísticos superexplorados, como Veneza, Barcelona, Machu Picchu ou Fernando de Noronha, enfrentam sérios problemas de degradação ambiental e conflitos sociais, exigindo medidas urgentes de regulação e planejamento estratégico.
Por conseguinte, o paradigma ecológico propõe uma inversão de valores. Em vez de medir o sucesso de um destino pelo número de visitantes, passa-se a valorizar a qualidade da experiência turística e o impacto positivo deixado na comunidade local e no meio ambiente. Isso implica a adoção de políticas públicas eficazes, o envolvimento ativo das populações locais e a responsabilização dos turistas quanto aos seus comportamentos e escolhas.
No Brasil, país de riquíssima diversidade ecológica e cultural, o ecoturismo apresenta-se como uma oportunidade estratégica tanto para a conservação quanto para o desenvolvimento regional. Regiões como a Amazônia, o Pantanal, a Chapada Diamantina e a Serra da Canastra despontam como modelos de turismo sustentável, embora ainda enfrentem desafios estruturais e de gestão.
Em muitos desses lugares, comunidades tradicionais vêm se organizando para oferecer experiências autênticas que valorizam o saber local, promovem a educação ambiental e reforçam o pertencimento cultural.
A valorização do turismo de base comunitária, nesse contexto, torna-se uma ferramenta potente de empoderamento social e de resistência frente às pressões do turismo predatório.
Outro ponto essencial do paradigma ecológico é a educação ambiental, não apenas como instrumento de sensibilização, mas como ferramenta de transformação social. Um turista consciente tende a adotar posturas mais respeitosas, a valorizar o patrimônio natural e cultural do local visitado e a compreender seu papel como agente ativo na construção de um mundo mais sustentável. Por isso, a experiência turística deve ser também um processo educativo, que estimule a reflexão sobre os impactos de nossas ações no planeta.
Tecnologias sustentáveis também desempenham um papel relevante nessa transição. A adoção de práticas de baixo impacto, como o uso de energia renovável, a gestão adequada de resíduos, o incentivo à mobilidade limpa e a construção de infraestruturas ecologicamente corretas, é fundamental para reduzir os danos ambientais e promover uma economia verde no setor turístico. Além disso, certificações e selos ambientais têm se mostrado instrumentos eficazes para orientar o consumidor e diferenciar empreendimento comprometido com a sustentabilidade.
No entanto, é preciso cautela para evitar o chamado "greenwashing" — quando empresas ou destinos se apropriam do discurso ambiental apenas como estratégia de marketing, sem efetivamente adotar práticas sustentáveis. O verdadeiro paradigma ecológico exige comprometimento, fiscalização e transparência. A sustentabilidade não deve ser apenas um atrativo comercial, mas o eixo central das decisões e ações em todos os níveis do turismo.
Nesse cenário, o papel do Estado é indispensável. Políticas públicas integradas, planejamentos participativos e investimentos em capacitação são fundamentais para consolidar o turismo ecológico como modelo hegemônico e não apenas como nicho de mercado. A criação e manutenção de unidades de conservação, o fortalecimento das comunidades tradicionais, o estímulo à pesquisa científica e a regulamentação do uso dos recursos naturais são elementos estruturantes para um turismo realmente sustentável.
Outrossim, o setor privado tem a responsabilidade de alinhar seus interesses econômicos às necessidades socioambientais. Empresas conscientes e engajadas com o paradigma ecológico contribuem para a construção de uma nova lógica de mercado, na qual o lucro e a preservação caminham juntos. Parcerias público-privadas, quando bem conduzidas, podem ser aliadas importantes na implantação de projetos turísticos sustentáveis, com benefícios compartilhados por todos os atores envolvidos.
Em epítome, o turista — figura central nesse ecossistema — precisa ser convocado à corresponsabilidade. A escolha por destinos menos impactados, por empresas que respeitam o meio ambiente e por práticas éticas de viagem pode fazer toda a diferença.
Por final, o turismo ecológico se constitui em decisão política do consumidor, que tem o poder de influenciar e transformar o mercado a partir de suas escolhas conscientes.
Portanto, o paradigma ecológico no turismo representa mais do que uma tendência: trata-se de uma necessidade diante dos desafios que enfrentamos como sociedade global. Ao redefinir as relações entre o homem, a natureza e a cultura, o turismo sustentável aponta caminhos para uma convivência mais harmoniosa e justa, na qual viajar seja não apenas um ato de lazer, mas também de cidadania e compromisso com o futuro do planeta.
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