Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)

Isagogicamente, a cultura persa, uma das mais antigas e influentes do mundo, constitui um pilar fundamental na formação da identidade histórica e cultural do Oriente Médio. Originária do atual território do Irã, ela floresceu há mais de três milênios e deixou marcas profundas na arte, na literatura, na religião, na filosofia e na organização política de diversas civilizações. O Império Persa, fundado por Ciro, o Grande, no século VI a.C., tornou-se um dos maiores da Antiguidade, distinguindo-se não apenas por sua força militar e extensão territorial, mas também por sua capacidade de integrar povos distintos sob uma administração tolerante e eficiente. Essa característica plural e cosmopolita foi essencial para o desenvolvimento de uma cultura rica, complexa e duradoura.

De outro vértice, a base espiritual e moral da antiga Pérsia estava fortemente vinculada ao zoroastrismo, religião fundada por Zaratustra (ou Zoroastro), que introduziu conceitos éticos e filosóficos de grande profundidade. Essa doutrina dualista, centrada na luta entre o bem e o mal, influenciou diversas tradições religiosas posteriores, incluindo o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. O zoroastrismo também reforçou valores como a verdade, a justiça e a pureza, princípios que se refletiram na política e na vida cotidiana dos persas. Além disso, a crença na responsabilidade individual diante do bem e do mal contribuiu para o surgimento de uma ética social que valorizava a retidão e a harmonia entre os homens.

Entretanto, No campo artístico e arquitetônico, a herança persa é igualmente notável. As grandes construções de Persépolis, capital cerimonial do Império Aquemênida, representam o apogeu da arquitetura monumental da Antiguidade. Com colunas imponentes, relevos detalhados e uma disposição espacial harmoniosa, o conjunto arquitetônico simbolizava o poder do império e o ideal de unidade entre os povos. A arte persa, marcada pela simetria e pela ornamentação refinada, refletia o gosto pela beleza e pelo equilíbrio. Nos séculos seguintes, essa tradição estética sobreviveu e evoluiu, manifestando-se nas intricadas tapeçarias, nas miniaturas persas e na caligrafia artística, expressões que uniam o rigor técnico à sensibilidade poética.

Todavia, com o curso do tempo, a Pérsia adaptou-se a novas dinastias, religiões e influências externas, mas nunca perdeu sua identidade singular. A chegada do islamismo, por exemplo, não apagou a herança anterior, mas gerou uma síntese cultural e espiritual única. O Irã moderno, herdeiro direto dessa tradição milenar, continua a valorizar seus poetas, artistas e filósofos como símbolos da alma nacional. Mesmo diante das transformações políticas e sociais, o povo iraniano preserva uma forte ligação com suas raízes, manifestada em suas festas, na arquitetura tradicional, na música e na literatura.

Por conseguinte, a cultura persa transcende o tempo e as fronteiras geográficas. Sua essência repousa na busca pela beleza, na valorização do conhecimento e na harmonia entre o homem e o universo. Ao longo dos séculos, ela demonstrou uma capacidade ímpar de assimilação e renovação, mantendo-se viva e relevante em diferentes contextos históricos.

Em epítome, conhecer a milenar cultura persa é compreender uma parte essencial da História, porquanto dela emergem valores universais que continuam a inspirar o pensamento, a arte e a espiritualidade em todo o mundo.

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