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O TEMPO jornal de fato

A privatização de “Deus”

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

No dia 14 de julho deste ano, estreou mundialmente, o documentário da cineasta brasileira, Petra Costa, chamado Apocalipse nos Trópicos

De acordo com matéria publicada no Portal Brasil de Fato, o filme aborda as origens da religião no Brasil e o papel fundamental dos Estados Unidos nessa chegada, durante a ditadura militar.

Ela revela que uma das descobertas feitas na pesquisa para realizar o filme foi de que o grupo de lobby estadunidense chamado The Family enviou missionários ao Congresso Brasileiro “para evangelizar congressistas, desde os anos 60 até o fim da ditadura militar”.

Ao assistir o documentário, me deparei com muitos absurdos de lideranças evangélicas associando políticos a enviados por “Deus”. Falavam em nome de “Deus”, à frente de fiéis gritando e prestando reverência a esses homens que se dizem porta vozes de “Deus”

O que presenciamos é o fenômeno da privatização do sagrado. Tudo o que é sagrado se esconde por trás do desconhecido, do mistério e aí cada grupo religioso se acha no direito de opinar qual é a vontade e o desejo desse ser desconhecido. Se apoiam em interpretações do texto bíblico, sem ler o contexto da escrita. Simplesmente transferem para o nosso tempo, afirmações bíblicas, escritas há milhares de anos atrás.

Cada grupo e liderança religiosa realiza sua interpretação dentro de seus interesses, arrecadam milhões de reais, e falsamente afirmam que é para “Deus”. Este ser desconhecido serve para legitimar uma variedade de barbaridades e atitudes egoístas.

Certo dia ouvi o Padre falar em um sermão que a igreja católica era a verdadeira porque tinha fundada pelo próprio Jesus. Essa fala “em nome de Deus” pode contribuir para que a criança discrimine seu coleguinha evangélico na sala de aula por exemplo. São discursos que possuem um efeito negativo para a sociedade, a qual precisa de união, compreensão e respeito.

Então, a apropriação do nome de “Deus” é uma grande ignorância, porque os livros considerados sagrados, tiveram sua sacralidade decretada por homens, por instituições da época. A Bíblia por exemplo é o conjunto de retalhos de textos escritos em diferentes momentos. Quando estudamos esses livros na perspectiva da História e Arqueologia, percebemos que não possuem nenhuma materialidade ou concretude. Tudo depende da crença e da fé, ou seja, de uma aposta em algo incerto e totalmente inseguro. Ou você acredita que “Deus” realmente ditou os mandamentos para Moisés? Historicamente, isso não tem nenhum fundamento. Da mesma forma, alguém que fala em nome de “Deus” ou se diz representante de “Deus” precisa de alguém que acredite nele. É um verdadeiro sistema de crenças que serve a interesses privados.


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