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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, a exposição "Mitos da Ilha de Creta", composta por obras da artista Cristina Brattig Almeida, ocupa a Galeria de Artes Ernesto Meyer Filho com uma proposta estética e conceitual que mergulha nas profundezas simbólicas da mitologia cretense. Com um olhar apurado e uma poética visual singular, Cristina revisita narrativas milenares, recriando imagens e atmosferas que transportam o público para um universo de deuses, monstros, labirintos e arquétipos. A mostra é acompanhada de apresentação da Profa. Dra. Sandra Makowiecky, respeitada pesquisadora e crítica de arte, cuja leitura aguçada contribui para amplificar a compreensão do conteúdo artístico e simbólico da obra de Cristina, contextualizando sua produção no panorama da arte contemporânea.
Destarte, a mitologia da Ilha de Creta é uma das mais ricas do imaginário grego. Nela habitam figuras emblemáticas. Esses personagens, mais do que apenas elementos de antigas histórias, são símbolos arquetípicos que representam conflitos internos, dilemas existenciais e a busca por sentido – temas atemporais e universais que se refletem na experiência humana até os dias de hoje. Ao retomar esses mitos, Cristina Brattig Almeida não apenas reconta essas narrativas, mas as ressignifica por meio de uma linguagem visual própria, que mescla, elementos gráficos e simbologias contemporâneas.
De outro vértice, a artista propõe um percurso visual que convida o espectador a se perder e se reencontrar em um "labirinto" de imagens e signos. Cada obra parece conter em si um fragmento de mito, como se fosse um eco vindo do passado que se projeta no presente. O gesto artístico de Cristina é permeado por uma investigação cuidadosa, tanto em termos técnicos quanto conceituais. Seu processo criativo envolve o estudo de fontes clássicas, iconografias históricas e releituras filosóficas dos mitos, os quais são então filtrados por sua sensibilidade estética, resultando em composições que dialogam com o inconsciente coletivo, com as experiências humanas de dor, desejo, transformação e transcendência.
A Galeria de Artes Ernesto Meyer Filho, reconhecida por acolher propostas artísticas que dialogam com diferentes linguagens e contextos culturais, se transforma, com esta exposição, em um espaço simbólico de transição entre tempos e realidades. As obras de Cristina ocupam o espaço da galeria de forma estratégica, criando zonas de contemplação e inquietação, tensionando a relação entre o espectador e a narrativa mítica. Em vez de ilustrar os mitos, a artista os reinterpreta, muitas vezes subvertendo expectativas e explorando zonas ambíguas entre o humano e o monstruoso, o sagrado e o profano, o feminino e o masculino.
A presença da Profa. Dra. Sandra Makowiecky, responsável pela apresentação crítica da exposição confere à mostra uma camada adicional de aprofundamento. Com vasta trajetória acadêmica e reconhecida “performance” no campo da crítica de arte, Makowiecky oferece uma leitura que não apenas contextualiza a produção de Cristina Brattig Almeida, mas também a insere em uma tradição mais ampla de artistas que dialogam com os mitos e os reconfiguram à luz das questões contemporâneas. Sua análise destaca a potência simbólica das obras e evidencia como a artista articula, por meio de sua linguagem visual, uma reflexão sobre o tempo, o corpo, a memória e a identidade.
Outrossim, Cristina Brattig Almeida demonstra, ao longo da exposição, uma maturidade artística que transparece tanto na escolha dos temas quanto na execução técnica. Suas obras transitam entre a figuração e a abstração, explorando texturas, cores e sobreposições que sugerem camadas de significado. A artista parece trabalhar com a consciência de que os mitos não são histórias lineares, mas sim constelações de sentido, abertas a múltiplas leituras e interpretações. Nesse sentido, sua produção desafia o olhar apressado, exigindo do público uma postura de escuta e contemplação.
Em algumas obras, Cristina se apropria de fragmentos visuais de cerâmicas antigas, moedas, relevos e inscrições, inserindo-os em contextos plásticos novos, o que provoca uma fricção entre o antigo e o contemporâneo. Em outras, a artista se vale de uma gestualidade mais livre e espontânea, criando composições que evocam o sonho, o delírio e a metamorfose.
Por conseguinte, a exposição "Mitos da Ilha de Creta" vai além de uma mostra de arte. É um convite à escuta dos símbolos, ao diálogo com o passado e à redescoberta do poder transformador da imagem. O trabalho de Cristina Brattig Almeida se inscreve como uma contribuição relevante para o campo da arte contemporânea brasileira, especialmente por sua capacidade de mobilizar o repertório mítico de forma autoral, sensível e provocadora. E a leitura oferecida pela Profa. Dra. Sandra Makowiecky reafirma a importância dessa proposta, ao situá-la em um campo de interlocução que inclui não apenas a história da arte, mas também os estudos culturais, a antropologia simbólica e a crítica estética.
Em epítome, a Galeria de Artes Ernesto Meyer Filho se torna o palco de um encontro fecundo entre arte, mito e pensamento. A exposição "Mitos da Ilha de Creta" reafirma o poder da arte como forma de conhecimento e como linguagem capaz de acessar dimensões profundas da experiência humana.
Por final, nas mãos de Cristina Brattig Almeida, os mitos ganham nova vida, e ao serem apresentados sob o olhar atento de Sandra Makowiecky, amealham densidade interpretativa, ampliando seus ecos e reverberações no presente.
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