Por Luiz Carlos Amorim - escritor, editor, revisor e professor. Fundador do Grupo Literário AILHA, com completou 45 anos de literatura neste 2025. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras e cadeira 29 da Academia Desterrense de Literatura.

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Minha amiga Mary Bastian, escritora gaúcha radicada em Joinville, é apaixonada por jacarandás floridos. E sabem como descobri? Porque o Pierre Aderne, cantor e compositor franco-brasileiro radiado em Lisboa, postou uma foto de um enorme e espetacular jacarandá português florido no Facebook. Vocês já devem ter ouvido o Pierre, pois a música “Fado dos Barcos”, cantada por ele com a participação de Cuca Roseta, cantora portuguesa, foi um dos temas da novela "Aquele Beijo".

Pois ele postou uma foto, eu vi, a Mary viu e comentamos. Depois ele postou outras fotos, pois há varias ruas em Lisboa cheias de jacarandás, e por ultimo uma foto da minha filhota Daniela, bailarina que fez mestrado na área em Portugal e ficou por lá, casada com Pierre, e já tiveram meus dois netos, Rio e Ian. E o intercâmbio de admiração pelos jacarandás e pelos jacatirões - pois eu, evidentemente, postei fotos de jacatirões pejados de flores - rendeu até um poema do Pierre, depois que sugerimos, na rede, que eu era o jacatirão e a Mary era o jacarandá.

Foi inevitável comparar as flores do jacarandá florido com os pés de jacatirão cobertos de flores, pois eu sou apaixonado por eles, como Mary é pelos jacarandás – nessa época estão floridos os manacás-da-serra, variedade de jacatirão de jardim que floresce no inverno. E o poema é assim: “Jacatirão e jacarandá / vão juntos de mãos dadas pintando a rua / da cor do jamelão, / um vai colorindo o sol e o outro tinjindo a lua… / jacarandá e jacatirão / pintores de mãos e almas cheias / fazem o menino cantar como passarinho / e a menina feito sereia / Jacatirão e jacarandá / soprem o inverno / pra logo logo a primavera chegar.”

De maneira que o Pierre, com a sensibilidade do poeta que é, juntou duas árvores fantásticas, belíssimas e as paixões de dois poetas que cruzaram com ele num lugar que não era próprio para "provocar" a poesia, mas agora é: o polêmico Facebook.
E eu descobri que também gosto dos jacarandás, como gosto de outras grandes árvores que florescem espetacularmente pela natureza deste planeta azul que
insistimos em tornar cinza: jacatirões, flamboiãs, ipês, paineiras, etc...

Mary me mostrou a Rua Gonçalo Carvalho, em Porto Alegre, consagrada como a rua mais bonita do mundo, justamente porque é coberta de jacarandás. Nesta época do ano, a rua está esplendorosa, com as árvores cheias de flores e o chão coberto de cores. Como os jacatirões nativos, no verão, pelo norte catarinense. Não é pra se apaixonar?
Pena que aqui em Santa Catarina quase não temos jacarandás. Ainda bem que temos jacatirões. No inverno, no outono e no verão. Ainda bem.

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