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É BOM SABER...

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- Centro Espirita Amor e Caridade
RELACIONAMENTOS
Um adolescente de 12 ou 13 anos, aproximadamente, muito apegado ao avô, beirando os seus 68 anos, inquiriu aquele seu "velho" amigo:
- Vovô, você sabe que eu amo meu pai, minha mãe e meus irmãos, mas gosto muito de estar contigo e escutá-lo quando me conta as tuas histórias, com as quais aprendo muito e um dia quero ser um escritor para poder contar todas elas a muitas pessoas, mas gostaria de te fazer uma pergunta, posso?
- Naturalmente que sim, meu neto. Sou todo ouvidos, hehe...
- Pois bem, vovô. Percebo que você gosta muito da vovó, vejo você sempre perto dela, está sempre procurando abraçá-la, dizer-lhe algo agradável e surpreendê-la. Você tem uma paciência com ela que eu não sei explicar, você está sempre querendo fazer tudo por ela e vejo que ela também o trata muito bem, o amor de vocês é exuberante. Com meus pais isso acontece de vez em quando, mas não é sempre, de vez em quando discutem, disfarçam para nós não percebermos, mas ficam dias sem conversar direito, apenas o necessário. Quando me casar, quero ter um relacionamento assim como o seu. Apesar de aprender muito te observando, quero que me conte se sempre foi assim.
O avô abriu um largo sorriso de plena satisfação e redarguiu:
- que bom que você observou, pois dessa forma também me propicia o ensejo de conversarmos sobre isto. Hoje em dia os relacionamentos conjugais estão muito superficiais, tudo ficou tão fácil que assim como as pessoas decidem morar juntos, elas também decidem que já não querem mais. É o chamado relacionamento "miojo", pois com a mesma rapidez que decidem morar juntos, também é da mesma forma a separação, o rompimento. Mas vamos tratar do nosso assunto: Meu menino, sua avó foi a primeira e única namorada que este velho teve. Sempre foi o sonho dos meus sonhos, a minha motivação maior, razão dos meus esforços, e desde adolescente que eu a admirava, desejava e a amava. Lutei por ela com todas as minhas forças e quando namorávamos fazia de tudo para agradá-la. Casamos e no começo tudo parecia um sonho, eu ali vivendo, convivendo, sonhando ao lado daquela que sempre fora o meu amor. Entretanto, o casamento também tem os seus ônus, e eu não havia me preparado para isso. Eu tinha alguns hábitos, praticava muito esporte, tinha muito amigos, por conta do esporte, e de repente isto passou a ser motivo de conflitos entre nós. Eu gostava do esporte, dos amigos, muitas vezes abusava e ela, naturalmente e com toda razão reclamava, e eu, um tanto egoísta, ainda não habituado a dividir tudo, não compreendia que a vida mudara e os compromissos deveriam ser outros. Os desentendimentos começaram a se acentuar e intensificar... Se ela não cedia, eu também não podia, afinal eu era o homem da casa, a minha vontade tinha que prevalecer. Como a maioria, eu não estava preparado para a divisão de tarefas, de responsabilidades que o casamento requer. Eu trabalhava, eu era o provedor maior, não importava que ela também trabalhasse fora de casa e se desdobrava para dar cabo das tarefas caseiras, afinal essas eram tarefas da mulher e eu não poderia me humilhar. Fomos levando assim nosso casamento, até que um dia ela se cansou. Disse que se fosse assim não queria mais aquela vida, não queria mais viver comigo. Eu vibrei, pensei que era aquilo que eu também queria, afinal não estava bom pra mim também. Queria de volta a minha liberdade, meu esporte, meus amigos. Combinamos de, no dia seguinte um dos dois sair de casa e de preferência que fosse eu. Naquela noite tive um sonho. Sonhei que estava num lugar muito bonito e aconchegante, de muita paz e um senhor de meia idade aproximou-se e disse: - Meu filho, sei que estás com dificuldades, estou aqui para acalmar o teu coração e te mostrar algumas coisas que te ajudarão muito. Não me deixou falar e foi relatando tudo o que tinha ocorrido naquele dia, do nosso conflito, dos sentimentos que eu secretamente nutria, dentre outras coisas. Num movimento sutil daquele senhor estávamos em outro lugar e eu presenciava uma cena e parecia que eu estava vivenciando a cena, ao mesmo tempo. Tocou minha fronte e pediu que desacelerasse o pensamento, deixasse a cena rolar; incontinenti foi me elucidando tudo e me dizia que aquela cena, eu de fato tinha vivido e me mostrava aquela mulher infeliz, abandonada pela negligência, pela incompreensão e pelo egoísmo do marido, que era seu grande amor. Ia me esclarecendo que pela terceira vez eu não conseguia assumir o amor que sentia por ela, e covardemente movido pelo exacerbado egoísmo eu a perdia. E estranhamente eu sentia aquilo. Um amor incomensurável, inexplicável, mas que ao mesmo tempo me assustava e me fazia recuar, que me deixava completamente vacilante e amedrontado. O senhor me chamava à razão e me admoestava que eu estava tendo minha última chance de prosseguir com aquela que realmente era o meu grande amor. Quando acordei de manhã cedo, percebi que na estante havia um livro que estava com uma ponta fora do lugar. Antes de recolocá-lo no lugar, abri-o e caiu uma folha que continha uma história mais ou mesmo assim:
TORRADAS QUEIMADAS
Quando eu ainda era um menino, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro.
Naquela noite distante, minha mãe colocou um copo com leite e um prato com torradas bastante queimadas, para o meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe, e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada pedaço. Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por ter queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:
- Amor, eu adoro torrada queimada.
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele realmente gostava de torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:
- Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor cozinheiro do mundo. O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, relevando as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. E essa lição serve para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e amigos.
Portanto, meu neto adorado, naquele momento entendi que para o nosso bom relacionamento, quem precisava mudar era eu, que se eu mudasse, ela mudaria e tudo mudaria para melhor. Sem falar nada pra ela, prometi a mim mesmo que iria empreender todos os meus esforços para ser um homem, um marido, um pai, um amigo melhor a cada dia e que a advertência daquele senhor do sonho fizera calar fundo em meu espírito e eu não perderia por nada neste mundo aquela oportunidade que Deus me dava de prosseguir minha jornada ao lado dessa pessoa maravilhosa que é a razão de minha vida. E a cada dia eu faço o possível para me tornar aquilo que a tua avó merece que eu seja. Ela nem sabe o quanto eu a amo. Ainda não tive essa conversa que estamos tendo agora com o seu pai, ainda não lhe contei essa história, por isso ele ainda deixa escapar as oportunidades, confundindo-as com dificuldades. Falha minha, mas te prometo que hoje mesmo vou chamá-lo para uma conversa. Quanto a você guarde muito bem aí dentro do teu coraçãozinho essa história e esse momento para que você, quando encontrar o teu grande amor, realmente ame, ajude em todas as tarefas, seja companheiro, amigo e o grande amor do teu amor. Houve um grande homem que viveu na Índia e foi um ícone da PAZ mundial, que dizia sempre: "Eu preciso ser a mudança que espero do mundo". Mahatma Gandhi (1869-1948). Não esqueça, meu neto: Esforço e perseverança te farão um grande homem e te credenciarão a ser um bom marido para tua esposa. Que Deus te abençoe e te impulsione sempre nesse sentido.
Boa semana
HPaim
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