Adjori/SC

Muitos nomes são por demais conhecidos, pela homenagem que receberam, ao figurarem nas placas de ruas ou na fachada de prédios de instituições. Este é o caso de Álvaro de Carvalho.

O teatro que leva seu nome é o mais antigo da capital. Quando assumi o Governo, estava fechado para obras paralisadas, há bastante tempo. Retomei-as logo no início de meu primeiro mandato, devolvendo-o, totalmente restaurado, em menos de um ano.

Álvaro de Carvalho resume, em sua história, duas afirmativas personalidades: a militar e a literária.

Em 30 de abril de 1865, a Canhoneira Ipiranga, que integrava a Esquadra comandada pelo Almirante Barroso, partia de Buenos Aires e subia o rio Paraná a fim de bloquear o inimigo, na localidade de Três Bocas.

Depois de vencer os paraguaios no combate naval de Corrientes, em 10 de junho, a Força Naval Brasileira fundeou nas proximidades de um pequeno afluente do rio Paraná, chamado Riachuelo. Quem comandava a Canhoneira Ipiranga era o 1º Tenente Álvaro Augusto de Carvalho.

No dia 11 de junho, mesmo acamado, atacado pelo tifo, ao ouvir a ordem para ser atacado esse último forte, Álvaro de Carvalho levantou-se e partiu para a luta, dizendo que só abandonaria o comando da embarcação depois de decidido o combate. Esse gesto extremo de heroísmo acabou sendo a sua sentença de morte.

Acabava o maior combate naval da América do Sul, a Batalha do Riachuelo. Três meses depois, morria, em Buenos Aires, um dos nossos heróis da Pátria.

Mas, além da espada, Álvaro de Carvalho esgrimia com mestria outra arma, sua pena.

A primeira atividade teatral em solo catarinense aconteceu em 1817, na casa do Juiz de Direito, Ovídio Saraiva, com a apresentação da peça ?A Tragédia do Fayal?, de autoria do próprio Juiz.

Por essa época, ainda colonial, a mais importante casa de espetáculos da antiga Desterro, era o Teatro São Pedro de Alcântara, demolido em 1869 para alargar a Rua da Paz, hoje Rua Tenente Silveira. O segundo teatro da capital foi o Santa Isabel, inaugurado, em 1875, após 18 anos de obras.

Em julho de 1894, mesmo ano em que Nossa Senhora do Desterro passou a ser chamada de Florianópolis, o Santa Isabel (que homenageava a Princesa redentora dos escravos) também mudou de nome.  Para reafirmar o rompimento com a Monarquia, passou a homenagear Álvaro de Carvalho, o primeiro dramaturgo catarinense, que figura entre os nomes mais importantes do teatro catarinense, ao lado de Horacio Nunes Pires e Isnard Azevedo.

Entre uma guerra e outra, Álvaro de Carvalho legou-nos três peças teatrais, sendo a primeira o drama em quatro atos ?O Pescador Pedro Martelli? (ou ?O Conde de Castellmar?), concluída em 1853, mas levada a público em 1865; ?Uma moça de juízo? e o drama em cinco atos ?Raimundo?, publicado em 1868, após sua morte.

Neste domingo, 1º de março, devemos comemorar os 180 anos de seu nascimento.

Luiz Henrique da Silveira ? Governador do Estado