A ARTE ENVOLVIDA NO PROCESSO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

       O componente curricular Gestão de Espaços Educativos na Escola, do curso de Artes, teve como objetivos: (1) proporcionar aos acadêmicos estudos, discussões e reflexões acerca da organização de espaços educativos no ensino das artes; (2) planejar e socializar atividades práticas que contribuam no desenvolvimento social, intelectual e emocional, dos alunos. Diante disso, primeiramente as acadêmicas tiveram acesso aos estudos e pesquisas de autores importantes no ensino das artes. Entre eles, Silvia Pillotto, Raimundo Matos Leão, Zilma Ramos de Oliveira, Christianne Oliviera Melo e outros.

 No segundo momento as alunas foram desafiadas a organizar espaços educativos que envolvessem a arte no processo do ensino e da aprendizagem dos alunos.

Sabemos, muito bem, que não nos vemos como indivíduos soltos no espaço, em um vácuo, mas como indivíduos que vivem em determinado momento histórico-social, morando em certos lugares e possuindo certos objetos. Nesse sentido, ?a identidade pessoal está intrinsecamente ligada à noção de identidade de lugar, que consiste de cognições cumulativas ? pensamentos, memórias, crenças, valores, idéias, preferências e significados ? sobre o mundo no qual a pessoa vive? (OLIVEIRA,2004).

Com o propósito de envolver tal contexto, planejamos espaços educativos que contemplassem o objetivo número dois. Vale ressaltar que minha formação não é artes, mas sempre apostei no envolvimento da arte no processo de ensinar e aprender, pois ?o reconhecimento da arte-educação como um campo profissional começou no final da 2ª Guerra Mundial, quando professores se deram conta de que o ensino da arte era algo maior do que simples transmissão de técnicas de desenho, pintura e outros (COELHO, 1997).

Sempre acreditei, também, no trabalho coletivo, por isso, sugeri às acadêmicas que a partir dos diferentes componentes curriculares que elas tiveram, ao longo do curso, criassem um espaço educativo envolvendo a área e a atividade que elas se identificavam. Informei que estaria orientando a questão do espaço e sua fundamentação teórica. Qual foi minha surpresa no momento em que recebi o planejamento de cada oficina.

Uma das oficinas teve como objetivo resgatar a importância da família por meio das diferentes linguagens da arte, em diferentes períodos da história. O grupo responsável por essa oficina organizou o resgate histórico por meio de fotografias, da família de uma das acadêmicas trazendo seis gerações, na linha do tempo de 1884 á 2009. Expuseram, também, vestimentas de diferentes épocas que a família preservou. Juntamente com o resgate dessa família, organizaram uma exposição dos retratos feitos pelos artistas, Tarcila do Amaral, Cândido Portinari e Fernado Botero, de diferentes períodos e movimentos.

Para finalizar a mostra, as acadêmicas disponibilizaram a poesia de Carlos Drummond de Andrade ?Fotografia em Família?. Essa oficina quando desenvolvida na escola tem a participação/envolvimento dos alunos, de forma efetiva, resgatando a história de suas próprias origens e culturas.

Na segunda oficina as acadêmicas organizaram um espaço da arte-educação para Educação Infantil, envolvendo o resgate histórico das brincadeiras infantis. As acadêmicas elegeram como objetivos: resgatar a cultura dos costumes familiares dos alunos por meio de brincadeiras infantis e contribuir no desenvolvimento da imaginação, da criatividade, da percepção, e da oralidade das crianças por meio do faz-de-conta.

Nesse sentido, Vigotski (1998), enfatiza que ?situações de brinquedo na vida real só são encontradas habitualmente num tipo de jogo em que as crianças brincam aquilo que de fato estão fazendo, criando, de forma evidente, associações que facilitam a execução de uma ação  desagradável?.

Esse espaço pedagógica oportuniza à criança resgatar o quão importante foram as brincadeiras na história de suas famílias para atualidade. As crianças também trazem de casa vestimentas utilizadas pelos pais a fim de representar o personagem e contexto familiar. Para Piaget (1976) a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança.

  Uma terceira oficina teve como objetivo principal proporcionar aos alunos da 7ª série do Ensino Fundamental estudos reflexões que proporcionem mudanças e transformações de comportamento por meio da música. Para tanto utilizaram a música ?Metamorfose? de Raul Seixas. Primeiramente foi disponibilizado aos alunos uma cópia da música, em seguida eles ouviram a música. As acadêmicas discutem e refletem nas diferentes frases que contém a música. Os alunos participam revelando o que a letra significa na vida deles.

Posteriormente é disponibilizado aos alunos material didático ? tintas, tela, folhas, lápis coloridos e outros. Os alunos representam em forma de escrita ou desenho o que representou para eles tais interações. Os trabalhos são socializados no grande grupo.

Observou-se a participação efetiva dos alunos e o envolvimento de suas histórias de vida, suas culturas, seus conflitos e desafios do contexto familiar.

A quarta oficina desenvolveu o resgate cultural da origem Italiana, Alemã, Indígena. Teve como objetivos, proporcionar aos alunos da quinta série o resgate histórico da origem italiana, alemã e indígena. (culinária, vestimenta, fotografias); oportunizar aos alunos a aprendizagem das crenças, danças e costumes da origem italiana, alemã e indígena.

A oficina proporcionou o espaço das vestimentas utilizadas pelas diferentes origens. Os alunos tiveram a oportunidade de vestir as roupas e sentirem-se participantes da história da família. O espaço da culinária proporcionou os pratos típicos das diferentes origens e os alunos degustavam e socializavam o sabor e suas preferências pelos alimentos.

Na escola a referida oficina pode envolver os alunos e seus familiares. Resgatando a origem, a história e a cultura de cada família. Os alunos têm também a oportunidade de preparar os pratos típicos na própria escola, envolvendo o professor de Biologia, História e Literatura.

Com esse trabalho observamos a importância do professor envolver atividades práticas no desenvolvimento teórico. É fundamental a universidade proporcionar aos acadêmicos experiências/vivências que contribuam no processo do ensino e da aprendizagem no cotidiano escolar.

Observamos mais uma vez a necessidade do trabalho coletivo na escola. O professor não precisa saber de todas as áreas, mas precisa saber reconhecer do que necessita para ampliar seu conhecimento e inovar suas metodologias. Para tanto, ele PODE socializar seus conflitos, inseguranças e desafios que emergem no cotidiano escolar, com seus colegas de trabalho.

Além disso, estudamos, discutimos, refletimos e vivenciamos a importância da arte para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo do ser humano.

Professora: Ortenila Sopelsa

Acadêmicas: Ana M. Savaris, Angela C. Dorini, Cassia R. R. Beloto, Eliane Peres Mendes, Emanuela Ferreira, Fabiana Riguel, Fernada R. Chaves, Fernada V. Dalavechia, Ida T. Marcon, Jaqueline Wentz, Karina Demin, Katiusa da Silva, Márcia M. Martinazzo, Marisete A. P. Susin, Silvana A. Antunes, Valdirene da Silva, Zilma R. Poyer.

Registro fotográfico: Sexta-feira pela manhã, 30 de janeiro.