Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, O industrialismo representou uma transformação radical onas estruturas econômicas e sociais das nações ao longo dos séculos XVIII e XIX, sendo um dos principais motores do desenvolvimento econômico moderno. Desde a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, a lógica produtiva passou a se basear no uso intensivo de máquinas, no aumento da produtividade e na organização do trabalho em escala. Esse processo não apenas impulsionou o crescimento econômico de diversas regiões, como também redesenhou os padrões de urbanização, trabalho e consumo, deixando marcas profundas que ainda hoje definem os rumos do capitalismo global.
Outrossim, o surgimento do industrialismo está intrinsecamente ligado a uma série de fatores históricos, tecnológicos e sociais. A invenção da máquina a vapor, as melhorias nos sistemas de transporte, como ferrovias e navegação a vapor, e a expansão do comércio internacional criaram um ambiente propício para a aceleração da produção de bens em larga escala. A transição do modelo agrário-artesanal para o industrial permitiu ganhos inéditos de eficiência, ao mesmo tempo em que demandou a concentração da mão de obra nas cidades, alimentando o processo de urbanização e a emergência de uma nova classe trabalhadora urbana.
De outro vértice, sob a ótica do desenvolvimento econômico, o industrialismo se destaca por sua capacidade de gerar riqueza, diversificar a base produtiva e estimular a inovação tecnológica. Ao permitir o aproveitamento intensivo dos recursos naturais e humanos, os países industrializados passaram a dominar cadeias produtivas complexas, estabelecer indústrias de base e de transformação e criar uma infraestrutura robusta, composta por sistemas de transporte, energia, comunicações e serviços. Esse conjunto de fatores criou um círculo virtuoso de crescimento que, se bem gerido, tende a elevar o padrão de vida da população e consolidar a soberania econômica das nações.
Entretanto, o industrialismo não se difundiu de forma homogênea pelo globo. Enquanto os países europeus e os Estados Unidos rapidamente incorporaram os preceitos da produção industrial e ergueram impérios econômicos, outras regiões permaneceram subordinadas a uma lógica de exportação de matérias-primas, muitas vezes em contextos coloniais. Essa assimetria contribuiu para a consolidação de uma divisão internacional do trabalho que favorecia o centro industrializado e mantinha a periferia em situação de dependência econômica. No caso do Brasil, por exemplo, o processo de industrialização tardio e muitas vezes incompleto refletiu uma estrutura produtiva vulnerável a crises externas, com forte concentração em poucos setores e grande dependência tecnológica.
No curso do século XX, especialmente após as duas guerras mundiais e a crise de 1929, os Estados passaram a exercer um papel mais ativo na promoção do desenvolvimento industrial. O estruturalismo, Keynes à frente, e os modelos de planejamento estatal impulsionaram a criação de indústrias de base, incentivaram a substituição de importações e promoveram políticas de desenvolvimento regional. No Brasil, esse movimento se intensificou a partir da década de 1930, com o governo de Getúlio Vargas, e ganhou fôlego nas décadas de 1950 e 1970, quando foram criadas estatais estratégicas, como a Petrobrás e a Eletrobrás, e implantados polos industriais em diferentes regiões do país. No entanto, o modelo industrialista baseado na intervenção estatal começou a dar sinais de esgotamento a partir dos anos 1980, com a crise da dívida externa e a ascensão do neoliberalismo. As políticas de abertura comercial, desregulamentação e privatizações modificaram profundamente o papel do Estado na economia e enfraqueceram a capacidade de planejamento industrial. Isso resultou, em muitos casos, na desestruturação de setores industriais nacionais, na perda de competitividade e na primarização das economias. Entrementes, o avanço da globalização e da revolução digital redesenhou as cadeias de produção, transferindo fábricas para países com mão de obra barata e reduzindo o peso relativo da indústria nas economias mais desenvolvidas.
Conquanto esses reptos, o industrialismo ainda é visto como um vetor fundamental do desenvolvimento econômico. Nenhuma nação alcançou altos níveis de renda per capita e de bem-estar social sem ter, em algum momento de sua trajetória, consolidado um parque industrial diversificado e tecnologicamente avançado. A indústria não só gera empregos de qualidade e renda, como também impulsiona outros setores da economia, como comércio, serviços, construção civil e pesquisa científica. Além disso, é na indústria que geralmente se concentram os maiores investimentos em inovação, elemento essencial para a competitividade em um cenário global cada vez mais dinâmico e tecnológico.
Nos dias atuais, o debate sobre industrialismo e desenvolvimento econômico ganha novos contornos com a emergência da chamada “quarta revolução industrial” ou Indústria 4.0. A digitalização da produção, a automação inteligente, a inteligência artificial, a internet das coisas e a manufatura aditiva (impressão 3D) estão transformando profundamente a forma como os bens são produzidos, distribuídos e consumidos. Esses avanços impõem desafios significativos aos países em desenvolvimento, que precisam encontrar formas de inserir-se nesse novo paradigma tecnológico sem perder de vista suas especificidades econômicas, sociais e regionais. Destarte, a reindustrialização, nesse contexto, torna-se uma pauta estratégica para o futuro. Trata-se de promover uma indústria nacional moderna, sustentável e conectada com as demandas do século XXI, que leve em conta não apenas o crescimento econômico, mas também a inclusão social e a preservação ambiental. Políticas públicas de fomento à pesquisa e inovação, educação tecnológica, proteção da indústria nascente e estímulo ao empreendedorismo industrial são medidas imprescindíveis para reposicionar o setor industrial como protagonista do desenvolvimento.
Em epítome, urge reconhecer que o industrialismo se constitui em instrumento poderoso para transformar realidades. Ao longo da história, mostrou-se capaz de ampliar oportunidades, reduzir desigualdades e promover maior autonomia das nações.
No entanto, para isso, deve ser orientado por um projeto de país que articule interesses econômicos com o desenvolvimento da sociedade.
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