Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)

Primeiramente, o (a) psicólogo (a), no seu dia a dia, desempenha um papel fundamental na construção de pontes entre o sofrimento humano e a possibilidade de autoconhecimento, transformação e bem-estar. Longe da imagem estereotipada de alguém que apenas escuta em silêncio, com um bloco de anotações nas mãos, o (a) psicólogo (a) está inserido em diversos contextos sociais e institucionais, atuando com responsabilidade ética, sensibilidade e profundo conhecimento técnico. No consultório particular, nas instituições públicas, em escolas, hospitais, empresas ou comunidades, o (a) psicólogo (a) está em constante contato com a complexidade humana, sendo um profissional comprometido com a escuta qualificada, com o acolhimento e com a promoção da saúde mental.

Destarte, o cotidiano desse profissional exige constante atenção ao equilíbrio entre o saber técnico e a empatia. Cada pessoa que chega até o psicólogo traz uma história única, marcada por vivências, traumas, expectativas e emoções. A escuta, nesse contexto, não é passiva; ela é ativa, cuidadosa, embasada em teorias psicológicas sólidas, e orientada por um olhar que busca compreender, mais do que julgar. No dia a dia, o (a) psicólogo (a) precisa estar atento às sutilezas da comunicação verbal e não verbal, aos silêncios que falam mais que as palavras, às defesas psíquicas que se manifestam de forma inconsciente, e às oportunidades de promover o fortalecimento do sujeito diante de seus desafios.

Outrossim, a rotina do (a) psicólogo (a) também é permeada por momentos de estudo e supervisão. A prática clínica ou institucional, embora possa parecer repetitiva externamente, é extremamente dinâmica internamente, pois cada atendimento, cada intervenção, exige do profissional um olhar singular. Isso demanda constante atualização teórica, revisão ética de suas práticas, e, muitas vezes, um trabalho de autocuidado para que não haja sobrecarga emocional. A escuta constante da dor alheia, das angústias e dos conflitos humanos, pode gerar um desgaste psíquico significativo, razão pela qual o (a) psicólogo (a) precisa cuidar de sua própria saúde mental, garantindo que sua atuação continue sendo ética, eficaz e humana.

Ademais do atendimento direto ao paciente ou cliente, o (a) psicólogo (a) também se envolve com atividades como a elaboração de relatórios, a realização de avaliações psicológicas, a condução de grupos terapêuticos ou educativos, e a articulação com equipes multidisciplinares. Em instituições, muitas vezes o trabalho envolve reuniões, planejamento de ações coletivas, formações e orientações a outros profissionais. O psicólogo escolar, por exemplo, trabalha não apenas com os estudantes, mas com professores, famílias e toda a comunidade educativa, buscando entender o contexto em que os sujeitos estão inseridos para promover mudanças significativas no ambiente escolar.

Por sua vez, o (a) psicólogo (a) hospitalar adversa, diuturnamente a realidade de pacientes em situação de sofrimento físico intenso, luto, medo e ansiedade, exigindo uma atuação sensível e respeitosa diante da dor e da finitude da vida. Já o profissional que atua em empresas pode lidar com conflitos organizacionais, clima institucional, desenvolvimento de lideranças e qualidade de vida no trabalho, sempre com o objetivo de alinhar as necessidades da organização às necessidades humanas de seus colaboradores. Em todos esses contextos, o (a) psicólogo (a) é mediador de processos, promotor de diálogos, e agente de transformação.

Importa destacar que o dia a dia do (a) psicólogo (a) também é atravessado por dilemas éticos. O sigilo profissional, o manejo de situações de risco, o respeito à diversidade e aos direitos humanos são princípios que orientam a prática desse profissional, e que exigem reflexão constante. O Código de Ética Profissional do Psicólogo, nesse sentido, não é apenas um documento normativo, mas um guia para a ação responsável. O (a) psicólogo (a) precisa, cotidianamente, tomar decisões que envolvem vidas, vínculos e consequências importantes, sempre com base na ética e no compromisso com o bem-estar do outro.

Outro aspecto relevante no cotidiano do (a) psicólogo (a) jaz na escuta de si mesmo. O profissional, ao trabalhar com o sofrimento do outro, também entra em contato com suas próprias vulnerabilidades, emoções e limites. Por isso, o investimento em análise pessoal, supervisão clínica e espaços de troca com outros profissionais é parte integrante do exercício saudável e ético da psicologia. Não é raro que o psicólogo, ao ouvir e acolher o outro, também aprenda sobre si mesmo, aprofundando sua compreensão sobre a existência humana, sobre as relações interpessoais, e sobre as diversas formas de lidar com as dores e alegrias da vida.

Por conseguinte, A sociedade contemporânea, marcada por rápidas transformações, pressões sociais e adoecimento psíquico crescente, tem exigido cada vez mais a presença do (a) psicólogo (a). Questões como ansiedade, depressão, violência, exclusão social, preconceitos, relações líquidas, sobrecarga de informação e crises existenciais fazem parte da demanda diária dos profissionais da psicologia. Ao mesmo tempo, cresce a valorização do cuidado com a saúde mental, e o (a) psicólogo (a) ocupa um espaço cada vez mais estratégico na prevenção e promoção da qualidade de vida, não apenas como terapeuta, mas também como educador, pesquisador, articulador de políticas públicas e facilitador de processos coletivos.

Em epítome, o dia a dia do (a) psicólogo (a) é multifacetado, desafiador e profundamente humano. A práxis que exige escuta, conhecimento, ética, paciência e, sobretudo, respeito pela subjetividade de cada indivíduo. Mais do que uma profissão, a Psicologia se configura em compromisso com o cuidado, com o outro e com a construção de um mundo mais justo, empático e saudável.

Por final, em cada encontro, o (a) psicólogo (a) semeia possibilidades de mudança, acompanhando o outro em sua jornada de dor e descoberta, de medo e coragem, de silêncio e palavra.

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