É BOM SABER...

EVANGELHO - TEORIA E PRÁTICA
Existe uma grande defasagem entre a teoria do Evangelho e a sua prática pela humanidade.
Narra-nos o Espírito Néio Lúcio, no livro "Jesus no Lar", que Tadeu e André, certa noite, em casa de Simão Pedro, ao ouvirem Jesus falar da glória reservada aos bons, cientes das grandes limitações morais que ainda e detinham, amarguraram-se enormemente deixando transparecer isso através de pranto discreto. Não podendo conter-se, Tadeu exclamou aflito:
- Senhor, aspiro sinceramente servir à Boa Nova; contudo, sou portador de um coração indisciplinado e ingrato. Ouço, contrito, as explanações do Evangelho, lá fora, porém, no trato com o mundo, não passo de um Espírito renitente no mal. Lamento... Lamento... mas como trabalhar em favor da humanidade nestas condições?
André acrescentou:
- Mestre, que será de mim?
Ao seu lado, sou a ovelha obediente; entretanto, ao distanciar-me... basta uma palavra insignificante de incompreensão para desarmar-me. Reconheço-me incapaz de tolerar o insulto ou a pedrada. Será justo prosseguir ensinando aos outros a prática do bem, imperfeito e mau qual me vejo?!
Calando-se André, interferiu Pedro, considerando:
- Por minha vez observo que não passo de mísero Espírito endividado e inferior. Sou o pior de todos. Cada noite, ao me retirar para as orações habituais, espanto-me diante da coragem louca dentro da qual venho abraçando os atuais compromissos. Minha fragilidade é grande; meus débitos, enormes. Como servir aos princípios sublimes do novo reino, se me encontro assim, insuficiente e incompleto?
Outras vozes se fizeram ouvir no cenáculo, desalentadas e cheias de amargura.
Jesus, porém, após assinalar as opiniões ali enunciadas, entre o desânimo e o desapontamento, sorriu, tocado de bom humor, e esclareceu:
- Em verdade, o paraíso que sonhamos ainda vem muito longe e não vejo aqui nenhum companheiro alado, nenhum anjo. A meu parecer, os anos, na indumentária celeste, ainda não encontram domicílio no chão áspero e escuro em que pisamos. Somos aprendizes do bem, a caminho do Pai, e não devemos menoscabar a bendita oportunidade de crescer para Ele, no mesmo impulso da videira que se eleva para o céu, depois de nascer no obscuro seio da terra, alastrando-se compassiva, para transformar-se em vinho reconfortante, destinado à alegria de todos. No entanto, se vocês se declaram fracos, devedores, endurecidos e maus e não são os primeiros a trabalhar para se fazerem fortes, redimidos, dedicados e bons em favor da obra geral de salvação, não me parece que os anjos devam descer da glória dos Cimos para substituir-nos no campo das lições da Terra. O remédio, antes de tudo, dirige-se ao doente; o ensino, ao ignorante... De outro modo, penso, a boa Nova de salvação se perderia por inadequada e inútil...
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Corroborando com essa tese, Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assevera: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más".
Portanto, inobstante todas as nossas deficiências, limitações, más inclinações e vícios, o que Deus haverá de considerar serão os esforços que empreendermos na direção do burilamento.
Perfeitos, é natural que não somos, entretanto não fazer nada por sentir-se devedor não amenizará a nossa inércia e má vontade, tratemos de fazer a nossa parte, lutemos todos os dias contra o homem velho que ainda obstina-se em transitar junto conosco e envidemos todos os esforços no sentido da transformação moral e espiritual.
Boa semana
HPaim
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