Reunião objetiva o tombamento da Ponte Pênsil Padre Mathias Michellizza

A mesma possibilita a travessia de pedestres sobre as águas do Rio do Peixe, interligação as cidades coirmãs, Capinzal e Ouro
A reunião referente ao Tombamento da "Ponte Pênsil Padre Mathias Michellizza" que estava marcada para às 9h foi realizada no período das 9h30min às 10h30min, domingo, 14 de Fevereiro, no Centro Administrativo Municipal Prefeito Silvio Santos, no gabinete do Chefe do Executivo, sendo na Prefeitura de Capinzal. A reunião foi solicitada por quem elaborou o projeto sobre o tombamento como Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico dos municípios coirmãos, Capinzal e Ouro, Valcidnei Helt.
Além de Valcidnei, participaram da reunião os prefeitos Andevir Isganzella (de Capinzal) e Vitor João Faccin (Ouro), vice-prefeito de Capinzal, Wilson Luiz Farias, diretor de urbanismo, Gerson Valduga; vereador do município de Ouro, Ivonei Antonio Dambros; historiador - idealizador do Artesanato Sartori e cidadão honorário de Capinzal, Antonio Pasqual Sartori; deputado estadual Cesar Valduga com seu assessor e ex-vereador, também ex-presidente do Poder Legislativo de Capinzal, Vitorino Lanhi. Dos colaboradores Antoninho Sartori e Aldo Azevedo (jornalista) participaram da reunião, sendo os demais Odimar Zanuzo Zanardi e Jocilei Dorigon Helt.
A Ponte Pênsil é um bem histórico e cultural das cidades coirmãs, Capinzal e Ouro, portanto, se faz necessário o tombamento, por representar um marco que continua unindo e colaborando no desenvolvimento de ambos os municípios. O que possibilitará e favorecerá a tomada de decisões na busca de parceiros no processo de conservação integral da mesma, além de assegurar as futuras gerações sua preservação, já que ela é um elemento importante da nossa história.
No lado de Capinzal, havia a estrada de ferro, inaugurada em 20 de Outubro de 1910, ainda tinha diversas indústrias, hospital, um comércio bem organizado e até hotéis. No lado de Ouro, o comércio era bem ativo e a produção agrícola muito forte, devido a vocação de seus colaboradores e italianos originários da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul.
Em 1932, devido ao crescimento populacional e desenvolvimento econômico, havia a necessidade de construir uma ligação fixa entre os dois povoados. Portanto, foram realizadas reuniões envolvendo lideranças do distrito, tendo o envolvimento de todos os segmentos da sociedade, idealizando a construção da ponte. Na mesma noite da decisão da construção da tão sonhada ponte, foi escolhido como encarregado e responsável pela obra o cidadão José Zortéa, que seria edificada inteiramente em madeira, inclusive, seus pilares de sustentação, com exceção dos cabos de aço de sustentação do vão central.
A parte de carpintaria foi assegurada pelos irmãos Anibal e Otávio Ferro, com a supervisão de José Zortéa, o qual viajou em 1933 pela ferrovia, deslocando-se para São Paulo com a finalidade de adquirir os cabos de aço para garantir a sustentação e a longevidade da Ponte Pênsil.
Na ausência de apoio total dos poderes devidamente constituídos, Estado e Município, o povo embora com grandes somas de sacrifícios, propôs-se a financiar o saldo necessário para a realização da obra.
Depois de quase dois anos desde a concepção do projeto, a obra ficou finalizada e teve sua inauguração em 1934, numa grande solenidade, quando o Padre Mathias Michellizza, um dos grandes incentivadores da construção, atravessou a cavalo, seguido pelo sacristão Lazarotto caminhando puxava um burrico. A ponte recebeu o nome do Padre Mathias Michellizza, com o objetivo de homenageá-lo. Havia sobre a ponte, uma Casa de Pedágio, onde os usuários pagavam para passar de um lado para outro, porém, por ocasião da grande enchente de 21 de Junho de 1939m ela veio a ruir pela força das águas do Rio do Peixe.
A nova ponte seria construída em local previamente determinado pelo interventor Federal, Dr. Nereu Ramos, nos precisos termos do ofício, endereçado ao Sr. Coronel Superintendente da Rede Viação Paraná Santa Catarina.
A Comissão de finança constituída encarregou-se do levantamento de recursos, e a Prefeitura de Cruzeiro, atualmente, Joaçaba, através de seu titular, assinou a Portaria de nº14, de 15 de Novembro de 1941, aprovado a indicação de nomes de pessoas encarregadas de angariar donativos.
A Comissão designada ficou assim constituída: Jacó Maestri, Santo Penso, Julio Bevilaqua, Vitorio Bazzo, David Cruz, Honorato Nepomuceno da Silva, Airton Reck, Henrique Colombo, Valentim Burill, João Pilatti, Balduino Petry, Fernando Brol, Bortolo Dambrós, João Baretta, Santo Bazzo, Luiz Gonzaga Bonissoni, Dr. T. Picanço e André Colombo.
A comunidade muito unida e determinada contratou um responsável técnico, o engenheiro austríaco, Máximo Holzmann, e conseguiram reconstruí-la, porém, com pilares de concreto e com um vão livre central de 89m50cm e ainda a parte de extensão imóvel. Hoje, na totalidade, atinge 142 metros. A segunda ponte exigiu um investimento de Cr$ 200.000,00 (Duzentos Mil Cruzeiros), e houve a participação do Estado com Cr$ 90.000,00. Os Cr$ 110.000,00 faltantes e ainda muitos serviços, foram bancados pelos moradores dos distritos de Capinzal e Ouro. Foi inaugurada em 1945. Os nossos benfeitores guardam, até hoje, plaquetas metálicas em que consta serem "sócios" do empreendimento. Na época era considerada a terceira ponte do gênero no mundo, a qual tinha uma largura de 3,5 metros, o que possibilitava a passagem de carroças com tração animal e de pequenos caminhões, os quais transportavam artigos de consumo de Capinzal para o Ouro, e suínos estes para serem abatidos no Frigorifico Ouro, mas que era localizado em Rio Capinzal, próximo da Estrada de Ferro.
Alguns anos depois da inauguração da Ponte Irineu Bornhausen, a chamada "Ponte Nova", inaugurada em 05 de Janeiro de 1956, a largura da pista da Ponte Pênsil foi reduzida, ficando na largura atual, apenas permitindo-se a passagem de pedestre.
Em 07 de Julho de 1983, a Ponte Pênsil foi parcialmente destruída pela enchente, sendo reconstruída pela ação dos prefeitos de Capinzal, Celso Farina, e de Ouro, Domingos Antônio Boff (Mingo). Entretanto, na segunda metade do ano de 1984, pouco tempo após a sua construção, um violento vendaval seguido de ciclone atingiu a área central de Ouro e Capinzal. Com o represamento do vento, foi tanta a força exercida, que as pilastras de concreto quebraram-se ao meio, na altura das plataformas, caindo tudo dentro do Rio do peixe, que levaram todas as madeiras de novo.
No ano de 1985, foi a Ponte Pênsil novamente reconstruída, com o aproveitamento das bases dos pilares e a fixação dos pórticos de sustentação dos cabos de aço sobre essas. Foram feitas perfurações verticais nas pilastras restantes para fixação das colunas sobre elas. Houve a substituição do madeiramento por duas vezes, desde então, em 1991 e 2005, ficando no mesmo padrão, com objetivo de preservar seu modelo arquitetônico, na atualidade quando necessário são realizados pequenos reparos para manter a estrutura e garantir a segurança das pessoas que utilizam. A Ponte Pênsil é uma verdadeira obra de arte, sempre majestosa sobre o Rio do Peixe.
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