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O TEMPO jornal de fato

Votando no Tempo - As Histórias em Quadrinhos e a Jovem Guarda

por Antonio Carlos Pereira, apresentador de “Os Discos do Bolinha” entre 1966 e 2016

Algumas letras de músicas do tempo da Jovem Guarda parecem saídas das histórias em quadrinhos, como “Festa de Arromba”, a música símbolo do movimento, composta por Roberto e Erasmo Carlos, por este gravada em 1965. Usando a imaginação e acrescentando belas ilustrações, elas poderiam ser transformadas em H.Q., ou em modernos videoclipes.

♪♪ ♪♪ Vejam só que festa de arromba no outro dia eu fui parar...
Presentes no local o rádio e a televisão/ Cinema, mil jornais, muita gente, confusão! / Quase não consigo na entrada chegar/ pois a multidão estava de amargar/ Hey, Hey! (Hey, Hey!) Que onda, que festa de arromba!

Logo que eu cheguei e notei Ronnie Cord com um copo na mão/ Enquanto Prini Lorez bancava o anfitrião/ apresentando a todo mundo Meire Pavão/ Wanderléa ria e Cleide desistia/ de agarrar um doce que do prato não saia/ Hey, Hey! (Hey, Hey!) Que onda, que festa de arromba!

Renato e seus Blue Caps tocavam na piscina/ The Clevers no terraço, Jet Black's no salão/ Os Bells de cabeleira não podiam tocar/ enquanto a Rosemary não parasse de dançar!

♪♪ ♪♪Mas vejam quem chegou de repente: Roberto Carlos com seu novo carrão! Enquanto Tony e Demétrius fumavam no jardim/ Sérgio e Zé Ricardo esbarravam em mim/ Lá fora um corre, corre dos brotos do lugar Era o Ed Wilson que acabava de chegar/ Que onda, que festa de arromba!

♪♪ ♪♪ Presentes no local o rádio e a televisão/ Cinema, mil jornais, muita gente, confusão! / Quase não consigo na entrada chegar/ pois a multidão estava de amargar... rádio e tv foram responsáveis pela divulgação do movimento jovem e na chegada dos artistas fãs de todas as idades tentavam se aproximar de seus ídolos, às vezes de maneira agressiva.

♪♪ ♪♪ Ronnie Cord com um copo na mão... Ronnie Cord liderou as paradas em 1964 com “Rua Augusta”, composição de seu pai, Hervé Cordovil: “Entrei na Rua Augusta a 120 por hora, botei a turma toda do passeio pra fora/ fiz curva em duas rodas sem usar a buzina/ parei a quatro dedos da vitrina”

♪♪ ♪♪ Wanderléa ria... A Ternurinha pedia: “Pare o Casamento! Por favor, pare agora! Senhor Juiz, pare agora! Senhor Juiz eu quero saber/ sem este amor o que vou fazer/ Pois se o senhor este homem casar/ morta de tristeza sei que vou ficar” (1967)

♪♪ ♪♪... e Cleide desistia de agarrar um doce... Cleide Alves foi a primeira a gravar uma música composta pelo Roberto, “Procurando Um Broto” e gravou de Roberto e Erasmo “Mamãe Acha Que É Normal” (1963): Já tenho quinze anos é o fim! / Ah, jamais rapaz algum gostou de mim/ Já mandei fazer promessas, pôr anúncio no jornal/ E mamãe ainda acha que é normal”

♪♪ ♪♪ Renato e seus Blue Caps tocavam na piscina... A banda de rock and roll mais antiga em atividade no mundo, gravou muitas versões de músicas dos Beatles, como “Menina Linda” (1965): “Ah, deixe essa boneca faça-me o favor/ Deixe isso tudo e vem brincar de amor/... Menina linda eu te adoro/ Menina pura como a flor/ Sua boneca vai quebrar/ Mas viverá o nosso amor”

♪♪ ♪♪ The Clevers no terraço… The Clevers viraram Os Incríveis: “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones/ girava o mundo sempre a cantar as coisas lindas da América/ Cantava viva à liberdade, mas uma carta sem esperar da sua guitarra o separou/ Mandado foi ao Vietnã lutar com vietcongs(1967)

♪♪ ♪♪ Jet Black’s no salão… Banda de acompanhamento, fazia um instrumental da melhor qualidade e alcançou sucesso com “Chapeuzinho Vermelho” (1967): “Hei menina do chapéu vermelho não ligue pra nenhum conselho/ Dizem por aí que sou o lobo mau/ Meus olhos são pra te olhar/ Meus ouvidos são pra te escutar/ Mas meu coração é só pra te amar”

♪♪ ♪♪ Os Bells de cabeleira não podiam tocar... Os Bells tiveram um grande sucesso em 1966: “O Muro de Berlim”, autores Roberto e Erasmo. “Até o céu se rebelou quando viu minha história de amor/ Feliz eu era um dia, tinha tudo que eu queria/ De repente fiquei sozinho, sem carinho, sem ninguém/ o muro de Berlim entre eu e meu bem”

♪♪ ♪♪ enquanto a Rosemary não parasse de dançar! Rosemary, a fada loura da Jovem Guarda, gravou “Feitiço De Broto” em 1967 “6ª feira enluarada, bem na sua encruzilhada um feitiço novo eu vou botar/ Meu feitiço vai ser forte, vai mudar a minha sorte, vai fazer você pra mim voltar”

♪♪ ♪♪ Mas, vejam quem chegou de repente: Roberto Carlos com seu novo carrão... são muitas músicas em que ele fala de sua paixão pelas 4 rodas: Parei na Contramão, Parei Olhei, Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, Lobo Mau, Mexerico da Candinha, Eu Sou Terrível, As Curvas da Estrada de Santos, Por Isso Corro Demais, Detalhes, Caminhoneiro. Vamos lembrar seu primeiro grande sucesso: O Calhambeque, 1964 “Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia/ Pois há muito tempo um conserto ele pedia/ e como vou viver sem meu carango pra correr/ Meu Cadillac, bi-bi, quero consertar meu Cadillac/ Com muita paciência o rapaz me ofereceu/ Um carro todo velho que por lá apareceu/ Enquanto o Cadillac consertava eu usava/ O Calhambeque, bi-bi, quero buzinar o Calhambeque”

♪♪ ♪♪ Enquanto Tony e Demétrius fumavam no jardim Tony Campello não era apenas o irmão da Celly, também fez sucesso e renderia uma boa historinha o “Boogie do Bebê” (1963) “Eu tenho uma garota, ela é o fim
E tem um irmãozinho pequenino assim/ Se vem falar comigo sempre traz o tal irmão mas vejam só... Boogie. O tal garotinho vive a atrapalhar, não deixa o meu broto de amor falar/ Na hora do romance quando vou beijar
escutem só... Boogie”

Demetrius, dono de uma bela voz, adequada a canções românticas, também gravou músicas mais ligeiras, como “Rock do Saci” 1961): “Era noite de luar, saí pra namorar/ Quando ele pulou na minha frente a gritar/ Cigarro, ei me dá um cigarro / Quase que eu desmaiei. De boné vermelho e uma perna só/ boca bem aberta a me dizer sem dó/ Cigarro, ei me dá um cigarro”

♪♪ ♪♪ Sérgio e Zé Ricardo esbarravam em mim...  Sérgio Murillo foi o primeiro Rei do Rock tupiniquim e em 1961 gravou Marcianita: “Eu quero um broto de Marte que seja sincero/ Que não se pinte, nem fume/ Nem saiba sequer o que é rock and roll/ Marcianita, branca ou negra/ Gorduchinha, magrinha, baixinha ou gigante/ serás meu amor/ A distância nos separa/ Mas no ano 70 felizes seremos os dois”

♪♪ ♪♪ Lá fora um corre, corre dos brotos do lugar, era o Ed Wilson que acabava de chegar  Ed Wilson, um dos  fundadores da banda Renato e Seus Blue Caps, iniciou sua carreira ao lado dos irmãos Renato e Paulo César Barros e gravou O Carro do Papai” em 1965 “Ah quem me dera ter agora
aquele carro do papai/ eu amarrava essa menina que a pé diz que não sai/ Ela adora uma buzina, a gasolina é seu extrato/ diz que não sai comigo a pé porque estraga o seu sapato”

Muitas outras letras de músicas daquele tempo até foram inspiradas pelas histórias em quadrinhos, outras tantas poderiam ilustrá-las:

Martinha “Barra Limpa”, 1967 “Eu sei que por aí anda um rapaz muito elegante, ele é muito bacana mas um pouco extravagante/ Tem uma cabeleira que é quase igual a minha e esse é um assunto interessante pra Candinha/ O seu sorriso é lindo, seu olhar é tão tristonho”

Sérgio Reis “Coração de Papel”, 1967 “Se você pensa que meu coração é de papel, não vá pensando pois não é/ Ele é igualzinho ao seu e sofre como eu, por que fazer chorar assim a quem lhe ama”

Leno e Lilian “Devolva-me”, 1966 “Rasgue as minhas cartas e não me procure mais, assim será melhor meu bem/ O retrato que eu te dei se ainda tens não sei, mas se tiver devolva-me”

Wanderley Cardoso alcançou grande sucesso na década de 1960, quando ganhou o apelido de Bom Rapaz. “O Pic-Nic”, 1967 “O piquenique foi bom, mas a volta é que foi tão triste/ Briguei com meu amor na estação, no trem ela voltou a chorar”

Jerry Adriani, nome artístico de Jair Alves de Sousa, iniciou cantando em italiano, até encontrar o caminho do sucesso. “Não quero mais amar”, 1965 “Caminhei muitas milhas mas não consegui te encontrar/ Tenho os pés tão cansados e os olhos molhados de vagar e chorar”

Eduardo Araújo participou do Clube do Rock do Carlos Imperial e gravou alguns compactos até fazer sucesso com “O Bom”, em 1966 “Meu carro é vermelho, não uso espelho pra me pentear/ Botinha sem meia e só na areia eu sei trabalhar”

Silvinha, casada com Eduardo Araújo, dona de uma voz bela e potente, foi comparada a Janis Joplin.Professor Particular, 1968 “Como é que eu posso estudar se o professor particular não para de beijar a minha mão/ Como é que eu posso reclamar se o professor, pra meu azar, é loiro, alto e bonitão”

Trio Esperança “A Festa do Bolinha”, 1965 “Eu ontem fui à festa na casa do Bolinha confesso não gostei dos modos da Glorinha/ Toda assanhada nunca vi igual trocava mil beijocas com o Raposo no quintal”

Em 1969 Golden Boys gravaram essa “História em Quadrinhos”, de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues “Você passou (quadrinho 1) e olhou pra mim (quadrinho 2) perguntei dá pé (quadrinho 3) você disse: Sim!/ Quadrinho 4) E aí foi só você e eu banhos de mar, banhos de par/ Nenhum minuto se perdeu a conjugar o verbo amar/ Mas eu quis mais (quadrinho 5) e você topou (quadrinho 6) dava pra casar (quadrinho 7) a gente se casou/ (quadrinho 8)”

Erasmo Carlos: em 1965: “A Pescaria” (Erasmo e Roberto) “Dia de Escola” (School Day) “É Duro Ser Estátua” (Erasmo e Roberto); em 1966: “O Carango” (Carlos Imperial-Nonato Buzar) “O Disco Voador” (Gyleno) “O Pica-Pau” (Renato Barros e Lilian); 1967 “O Tremendão” (Marcos Roberto-Dori Edson), 1968 “A Próxima Dança” (Erasmo e Roberto), 1969 “Johnny Furacão” (Erasmo e Roberto), 1970 “Coqueiro Verde” (Erasmo e Roberto)

Roberto Carlos: “A Garota do Baile” (Roberto e Erasmo, 1964) “História de um Homem Mau (Old man mose, 1965) “Pega Ladrão”, 1965; “O Gênio” 1966 “O sósia” 1967 (as 3 compostas por Getúlio Cortes), “É Meu, é Meu, é Meu (Roberto e Erasmo, 1968) As curvas da estrada de Santos (Roberto e Erasmo, 1969) “O Astronauta” (Edson Ribeiro-Helena dos Santos, 1970)


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