Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)

Primeiramente, o desenvolvimento regional é um processo complexo e multifacetado que exige articulação entre diversos agentes sociais, econômicos, políticos e culturais. Nesse contexto, a universidade comunitária emerge como uma instituição estratégica, cuja missão ultrapassa os limites tradicionais do ensino e da pesquisa, assumindo papel protagonista na promoção do bem-estar coletivo, na valorização das identidades locais e na construção de alternativas sustentáveis para o progresso das regiões onde está inserida.

Destarte, são instituições sem fins econômicos, por via de regra criadas por iniciativas da sociedade civil organizada, com forte vínculo com as necessidades locais e regionais. Essa característica lhes confere uma identidade própria e uma responsabilidade ampliada no tocante ao desenvolvimento regional. Elas não apenas formam profissionais qualificados, mas também atuam diretamente na transformação da realidade em que estão inseridas, contribuindo com soluções para os desafios sociais, econômicos e ambientais da comunidade.

De outro vértice, a missão comunitária dessas universidades se manifesta por meio de uma tríade fundamental: ensino, pesquisa e extensão. No ensino, destaca-se a formação crítica e cidadã dos estudantes, que são preparados para atuar com consciência social e compromisso ético. A pesquisa, por sua vez, volta-se para os problemas reais da região, produzindo conhecimento aplicado e inovador, capaz de gerar impactos positivos no tecido social. Já a extensão universitária se concretiza como o elo entre a academia e a sociedade, promovendo a troca de saberes, a inclusão social e a democratização do conhecimento.

Neste cenário, a universidade comunitária atua como indutora do desenvolvimento regional ao fomentar a geração de emprego e renda, estimular o empreendedorismo, apoiar políticas públicas e fortalecer as redes de cooperação entre diferentes setores da sociedade. Muitas vezes, a presença de uma universidade comunitária em determinada localidade é o fator decisivo para a atração de investimentos, a qualificação da mão de obra local e a dinamização da economia. Além disso, seu papel como espaço de debate, cultura e construção da cidadania é fundamental para o fortalecimento do capital social e institucional da região.

Outrossim, vale ressaltar que o compromisso com o desenvolvimento regional não significa a negação de uma perspectiva global, mas sim a valorização da singularidade local como ponto de partida para a inserção competitiva no mundo. A universidade comunitária atua com os olhos voltados para o futuro, mas com os pés firmes na realidade que a cerca. Essa postura permite que ela responda de forma ágil e contextualizada às demandas sociais, contribuindo para a redução das desigualdades regionais e para a construção de sociedades mais justas e sustentáveis.

Outro aspecto importante é o papel da universidade comunitária na valorização da cultura local e na preservação do patrimônio histórico e ambiental. Ao promover pesquisas sobre a identidade cultural da região, apoiar manifestações artísticas e desenvolver projetos voltados à sustentabilidade, a instituição reforça os laços comunitários e contribui para o enraizamento das novas gerações no território. Essa valorização do local é essencial para evitar a evasão de talentos e estimular a permanência de jovens qualificados nas regiões onde há menor concentração de oportunidades.

Por conseguinte, faz-se mister reconhecer, entretanto, os desafios enfrentados pelas universidades comunitárias para cumprir plenamente sua missão. A escassez de recursos financeiros, a competitividade do setor educacional e a ausência de políticas públicas específicas de apoio podem comprometer sua sustentabilidade institucional e sua capacidade de inovação. Por isso, é fundamental que haja o reconhecimento do papel estratégico dessas instituições por parte dos governos e da sociedade, garantindo-lhes condições adequadas para que continuem sendo agentes ativos de transformação regional.

Nesse sentido, a articulação entre universidades comunitárias, poder público, setor produtivo e organizações da sociedade civil é essencial para a construção de um ecossistema de desenvolvimento regional sustentável. Parcerias, redes de cooperação, incubadoras de empresas, centros de inovação e polos tecnológicos são instrumentos valiosos para alavancar o potencial transformador dessas instituições.

Ademais disso, a governança participativa e o diálogo permanente com a comunidade fortalecem a legitimidade da universidade e ampliam sua capacidade de “performance”.

Em epítome, a missão da universidade comunitária no desenvolvimento regional é ampla, estratégica e imprescindível. Ela se realiza na formação de cidadãos comprometidos, na produção de conhecimento voltado à realidade local, na articulação com diferentes atores sociais e na promoção da inclusão e da justiça social.

Por final, ao assumir esse compromisso, a universidade comunitária se consolida como agente de mudança, ponte entre saber e fazer, e expressão viva do poder transformador da educação arraigada nos valores da solidariedade, da cooperação e da cidadania.

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