G7 decreta fim do petróleo

Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
No último 8 de junho, o G7 surpreendeu o mundo ao anunciar sua decisão conjunta de parar de consumir combustíveis fósseis até 2100. O G7 é um grupo que congrega as maiores economias avançadas, é composta pelos Estados Unidos da América, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
Sem dúvida alguma, foi uma reivindicação e uma vitória da chanceler alemã Angela Merkel, mas certamente aniquilar a Rússia por tabela foi determinante para o consenso. A grande dificuldade era convencer o Canadá e o Japão, que tem grande dependência do petróleo. Isso fortalece a próxima Conferência do Clima (COP 21), que acontecerá em Paris, para se fazer um acordo global para conter o aquecimento global.
Para quem pensa que é uma meta longa para não ser cumprida, o G7 fixou como objetivo reduzir as emissões entre 40% e 70% até 2050, tendo como base o total emitido em 2010. A Merkel quer 70%, ou 2% de redução por ano, por 35 anos. É muita energia, difícil de cumprir, mas não é impossível.
E o G7 resolveu fazer mais, planejam investir US$ 100 bilhões até 2020 na luta contra as consequências das mudanças climáticas. Isso tudo tem o objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2ºC até o fim do século, pois o Painel Intergovernamental do Clima das Nações Unidas (IPCC) prevê para 4ºC se nada for feito.
Já tive a oportunidade de escrever que o custo do automóvel movido a Hidrogênio está perto do automóvel a gasolina. O que se observa é que a geração de 1 kg de hidrogênio através de energia eólica custa 40% a mais do que o galão de gasolina. Porém hidrogênio gera um pouco mais de energia por quilograma e o veículo com célula de combustível de hidrogênio é mais eficiente que o motor a combustão, ou seja, já é 10% mais barato do que a gasolina.
Para retirar 2% de petróleo, gasolina e diesel principalmente, por ano, a energia eólica e solar combinadas com o Hidrogênio não será suficiente, abrindo uma enorme oportunidade para países como o Brasil que tem um potencial gigantesco para produzir etanol e biodiesel. Porém, o Lula apostou todas as fichas do Brasil no Pré-Sal, matou o Proálcool e direcionou a produção de biodiesel para a agricultura familiar. Dois erros estratégicos gigantescos que precisam ser corrigidos. Senadores e Deputados, acordem esse governo!
Cabe lembrar que, pela lei da oferta e procura, a cada ano, o petróleo ficará mais barato aniquilando de vez todos os produtores não competitivos, como a Petrobras. Além do etanol e biodiesel, o Brasil ainda pode explorar o subproduto deles, a biomassa, que pode ser convertida em “pelets” ou queimada gerando energia. Só em São Paulo, a cogeração da cana equivale a uma Itaipu.
O Brasil também vive uma crise gravíssima de energia elétrica. Acredito que a geração eólica e solar nas residências e empresas é a melhor solução e faço há anos campanha junto a esse governo para estimular e financiar.
Descobri com tristeza que o BNDES financiou12 bilhões às ditaduras africanas e cubana a mesma soma que calculei que seria necessário para instalar 6 GWp em cem meses ou 100 GWp em vinte anos. É tão difícil ser ouvido por esse governo?
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