Palestra

Essa foi a provocação deixada pelo arquiteto e palestrante Mário Cezar da Silveira, que esteve na Unoesc Joaçaba na última sexta-feira ministrando uma palestra sobre educação inclusiva para estudantes de cursos de Licenciatura e Psicologia.

– Nós não evoluímos pelas nossas qualidades, mas sim quando encontramos nossa deficiência e precisamos superá-la. A pessoa com deficiência, quando é provocada na superação, mostra que as demais pessoas, que têm todas as características consideradas de normalidade, são menos eficientes – afirmou o palestrante.

A apresentação de Mário Cezar também teve uma pitada de surpresa. Depois de falar da legislação relativa às adaptações que os ambientes físicos precisam ter para atender as pessoas com deficiência, o palestrante simplesmente levantou da cadeira de rodas com que chegou à Universidade e se manteve até então. A surpresa era mais um desafio proposto aos estudantes que lhe assistiam:

– Será que, se eu tivesse vivido a minha vida inteira na cadeira de rodas, teria alcançado o meu potencial? Onde está a capacidade produtiva das pessoas? Está no desejo de fazer, independente de ter pernas! A sociedade ainda não entendeu isso. Ainda estamos discutindo se uma pessoa com deficiência intelectual deve estar numa escola comum.

Emoção além da informação - As indagações deixadas por Mário Cezar vão além da abordagem teórica. Uma experiência familiar abriu novas perspectivas para o arquiteto que já ministrou mais de 600 palestras em todo o País: uma filha teve paralisia cerebral e perdeu o movimento das pernas no nascimento. Esta experiência, segundo ele, provocou uma grande mudança de paradigmas em sua vida profissional e pessoal que ele compartilha através de suas apresentações.

– Eu me valorizava pelo profissional e não pela pessoa que eu era. Eu não entendia que era a pessoa que continha o profissional e não contrário. Quando a Carolina, sem dizer uma palavra, destruiu o profissional que eu era, comecei a rever todos os conceitos e levei muito tempo para conseguir isso. Uma menina que aparentemente era cheia de deficiência me ajudou a enxergar as minhas – diz o palestrante, ao relatar todas as superações que sua filha vem protagonizando desde criança e o quanto isso impacta na sua concepção sobre as pessoas.

A palestra foi assistida por estudantes dos cursos de Licenciatura em Educação Especial, de Campos Novos, e em Física, de Capinzal, dos cursos de Licenciatura e de Psicologia de Joaçaba. Segundo professora Lucivani Gazzola, coordenadora das Licenciaturas em Joaçaba, a intenção era trazer a estes estudantes uma reflexão a partir da perspectiva de quem está fora da escola.

– É a visão de um pai sobre os processos educativos. É a visão "de fora da escola" para "dentro da escola" – diz a professora, acrescentando que a oportunidade foi importante para os estudantes, uma vez que o palestrante em muitos momentos destacou a importância dos professores na formação da filha.

Bruna Santos de Andrade

Palestra com Mário Cezar - educação inclusiva.