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Problema da educação não é recurso, mas resultado, afirma Ioschpe

Para Colunista da revista Veja, que participou da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, na Fiesc, aumentar o salários de professores ou percentual do PIB para a área não garante melhoria da qualidade

 

 
Gustavo Ioschpe durante palestra na FIESC (Foto: Marcus Quint)Florianópolis, 19.07.2012 - Índices educacionais ruins estão diretamente relacionados às posições decrescentes no Brasil nos rankings de produtividade dos trabalhadores elaborados pela Organização Internacional do Trabalho. E a reversão desse cenário passa pela melhor administração e pelo foco na melhoria dos resultados. A posição foi defendida pelo economista e colunista da revista Veja Gustavo Ioschpe, que apresentou a palestra "Educação e Competitividade" nesta quinta-feira (19), durante a Jornada Inovação e Competitividade, promovida pelo Sistema FIESC.
Para Ioschpe, que é consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), problemas na educação de base - como as taxas de repetência no primeiro ano do Ensino Fundamental de 24%, acima de países como México e Índia, e taxas de analfabetismo funcional de 74% - geram um problema de qualidade que se estende a todos os níveis de ensino, até chegar ao mercado de trabalho.
"Não há como uma nação ter triunfo econômico se há gap de conhecimento em relação a maioria dos países. Pois o que determina o desempenho de um profissional é seu preparo. Essas carências são sentidas nos processos seletivos da indústria", destacou o mestre em Desenvolvimento Econômico e Economia Internacional. "Educação precisa ser entendida não apenas investimento social, mas estratégico".
O presidente do Sistema FIESC, Glauco José Côrte, que abriu o Encontro Catarinense da Indústria (um dos evento que compõem a Jornada Inovação e Competitividade), também ressaltou a importância de valorizar o capital humano. "Nada pode ser mais importante que a inovação e a tecnologia do que as pessoas. Antigamente, a competitividade estava ligada em 80% à matéria prima e 20% ao conhecimento. Hoje, essa lógica se inverteu", justificou.
Uma dos problemas na educação no Brasil, na visão de Gustavo Ioschpe, é o fato de ainda ser tratada com foco na quantidade de matrículas e não na qualidade do ensino. E, em sua opinião, a solução não está necessariamente no aumento dos recursos, passando de 5 para 10% do PIB os recursos destinados a educação, e sim em como eles são utilizados. "Os países desenvolvidos que compõem a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] também investem 5% na educação. Mas no Brasil se gasta muito no ensino superior e pouco no básico", disse.
"Hoje temos um dos piores sistemas educacionais do mundo e, ao mesmo tempo, um sistema que consome muito. Então está ruim pelos dois lados: gasta muito e entrega muito pouco". Além disso, os salários dos professores "não podem ser considerados baixos, comparado com o de outros países". Ioschpe fez um comparativo entre a relação dos salários médios dos docentes no Brasil, que equivale a 1,56 vez o PIB per capita, enquanto nos países com maiores índices educacionais a relação é de 1,31 vez.
Por isso, a chave para o problema está na sala de aula. E por esta razão é preciso conscientizar toda a sociedade sobre a real situação da educação no país e necessidade de exigir mudanças. Segundo ele, o problema de qualidade está muito claro para a parcela bem informada da população, mas não para a maioria dos pais.
"Dados do Inep [instituto de pesquisas do Ministério da Educação] mostram que o índice de satisfação dos pais com o ensino público é de 8,6 [escala até 10], enquanto o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que vai até 10] é 4. Se a população achar que está tudo bem, ninguém vai achar que é preciso melhorar o ensino", afirmou.
Uma sugestão apontada seria a obrigatoriedade de divulgar o Ideb de cada escola em quadros visíveis aos pais, com comparativos à média da região. O economista também incentivou o engajamento do setor empresarial nas campanhas por melhor qualidade na educação e defendeu que a participação da sociedade implica também em enfrentar a resistência de setores como os sindicatos.
 
 
 
Diogo Honorato
Assessoria de Imprensa do Sistema FIESC
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